Introdução
É importante conhecer e analisar com cuidado os fatores que influenciam a
possibilidade de sermos felizes e bem sucedidos no casamento. O casamento é um
empreendimento altamente complexo, porque envolve, simultaneamente, aspectos
materiais, emocionais, mentais e espirituais. Ser feliz e bem sucedido no
casamento é tentativa frustrada, na maioria das vezes, porque as
pessoas não têm consciência das variáveis envolvidas. Além disso, o casamento
envolve conceitos incorretamente compreendidos sobre felicidade, relacionamento
humano, evolução, amor, erotismo e sexo.
Martins Peralva (Estudando a Mediunidade), tentativamente, classifica os
casamentos em cinco tipos: 1) Acidentais: Encontro de almas inferiorizadas, por
efeito de atração momentânea, sem qualquer ascendente espiritual; 2)
Provacionais: Reencontro de almas, para reajustes necessários à evolução de
ambos; 3) Sacrificiais: Reencontro de alma Iluminada com alma Inferiorizada,
com o objetivo de redimi-la; 4) Afins: Reencontro de corações amigos, para
consolidação de afetos; 5) Transcendentes: Almas engrandecidas no Bem e que se
buscam para realizações imortais.
A maioria de nós deseja, provavelmente, estar classificado no quarto tipo
de casamento (Afins). Na realidade nunca teremos certeza em qual tipo de
casamento estaremos classificados por causa do desconhecimento de todas as
variáveis envolvidas neste tema tais como: conseqüências das Leis de Causa e
Efeito, da Justiça e da Evolução; compromissos assumidos no mundo espiritual; necessidades
evolutivas; reajustes cármicos e nosso merecimento.
O casamento tem alta probabilidade de durar muito tempo quando, pelo
menos, existirem compatibilidade, afinidade e satisfação do casal em certos
aspectos materiais, emocionais e mentais. No caso do aspecto material, é muito
importante que o casal esteja significantemente satisfeito com relação ao
prazer sexual. O aspecto emocional que mais influencia na relação é a certeza
de que o seu parceiro irá completá-lo na realização de atividades e/ou funções
que normalmente são desempenhadas na família e/ou no lar pelas figuras do “pai”
e da “mãe”. No aspecto mental deve haver certa sintonia de idéias e afinidade
de pensamentos de modo que exista amizade verdadeira entre os parceiros.
Definição de Casamento
O casamento, conforme definição no
dicionário (Aurélio) é o ato solene de união entre duas pessoas de sexos
diferentes, capazes e habilitadas, com legitimação religiosa e/ou civil. Walter
Barcelos (Sexo e evolução), considerando o Ser espiritual que somos, define: “O
casamento é a união permanente de um homem e uma mulher, atraídos por
interesses afetivos e vínculos sexuais profundos. Esta união não é uma invenção
humana, mas, sim, o resultado da Lei Divina que nos criou para o regime de
interdependência”.
Emmanuel (Emmanue/F.C. Xavier, Vida e sexo) nos ensina que “o casamento
ou a união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência
pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.
Essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma
esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou
vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida. Imperioso,
porém, que a ligação se baseie na responsabilidade recíproca, de vez que na
comunhão sexual um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso mesmo,
não deve haver qualquer desconsideração entre si. Quando as obrigações mútuas
não são respeitadas no ajuste, a comunhão sexual injuriada ou perfidamente
interrompida costuma gerar dolorosas repercussões na consciência, estabelecendo
problemas cármicos de solução, por vezes, muito difícil, porquanto ninguém fere
alguém sem ferir a si mesmo. Indiscutivelmente, nos Planos Superiores, o liame
entre dois seres é espontâneo, composto em vínculos de afinidade inelutável. Na
Terra do futuro, as ligações afetivas obedecerão a idêntico princípio e, por
antecipação, milhares de criaturas já desfrutam no próprio estágio da encarnação
dessas uniões ideais, em que se jungem psiquicamente uma à outra, sem
necessidade da permuta sexual, mais profundamente considerada, a fim de se
apoiarem mutuamente, na formação de obras preciosas, na esfera do espírito.
Acontece, no entanto, que milhões de almas, detidas na evolução primária, jazem
no Planeta, arraigadas a débitos escabrosos, perante a lei de causa e efeito e,
inclinadas que ainda são ao desequilíbrio e ao abuso, exigem severos estatutos
dos homens para a regulação das trocas sexuais que lhes dizem respeito, de modo
a que não se façam salteadores impunes na construção do mundo moral. Os débitos
contraídos por legiões de companheiros da Humanidade, portadores de
entendimento verde para os temas do amor, determinam a existência de milhões de
uniões supostamente infelizes, nas quais a reparação de faltas passadas confere
a numerosos ajustes sexuais, sejam eles ou não acobertados pelo beneplácito das
leis humanas, o aspecto de ligações francamente expiatórias, com base no
sofrimento purificador. De qualquer modo, é forçoso reconhecer que não existem
no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais forem, sem razões nos
princípios cármicos, nos quais as nossas responsabilidades são esposadas em
comum.”
Por que Estamos Aqui?
Todos nós estamos na Terra para
evoluirmos e sermos felizes, em qualquer situação e condição, independentemente
se casados ou não. A evolução é uma lei da natureza e a felicidade é o maior
desejo de todos.
Evoluir significa melhorar em vários aspectos tais como o material,
emocional, intelectual e moral. O aspecto moral é o mais importante e o mais
difícil de ser atingido porque exige uma real e efetiva autotransformação (reforma
íntima). No casamento não há possibilidade das pessoas esconderem os seus
defeitos por muito tempo. Assim, é recomendável que, antes do casamento, se esteja
plenamente consciente dos próprios defeitos, assim como dos defeitos do nosso futuro
parceiro, para melhor enfrentar a realidade dos problemas ao longo do percurso.
Para nós que ainda não atingimos o estágio de perfeição na jornada evolutiva do
planeta Terra, resta-nos aceitar os próprios defeitos, assim como aqueles do
nosso futuro parceiro. Deve haver, entretanto, um compromisso mútuo de trabalho
e esforço contínuo na reforma íntima e prática do bem à medida que o casal vai
transformando os seus defeitos em qualidades.
Ser feliz, relativamente ao nosso estado evolutivo, significa viver num
estado simultâneo de ser e ter que nos satisfaz plenamente. É mais importante
ser do que ter porque ser é uma aquisição permanente do Espírito enquanto que
ter é posse material temporária.
A felicidade deve ser compreendida como sendo um caminho escolhido e não
como um objetivo a ser atingido. O usufruto desta felicidade depende, portanto,
de como usamos nossa inteligência (emocional, intelectual e espiritual) para
administrar a própria vida e os recursos disponíveis, com equilíbrio, moderação
e bom senso. Ao aceitarmos a felicidade como sendo o próprio caminho, passamos
a aceitar naturalmente a realidade, sem os sofrimentos que poderiam advir da
resistência em aceitar essa realidade. Na felicidade-caminho não ficamos presos
ao passado ou futuro, mas estamos sempre vivendo um eterno presente, ou seja,
um eterno vir-a-ser e não presos a um objeto e emoção transitórios sujeitos às
modificações do tempo e espaço.
A felicidade é a soma dos efeitos da ação consciente, motivação para
viver e satisfação material. Ação consciente quer dizer que tudo que fazemos a
nós mesmos e ao nosso parceiro deve promover conscientização moral, de paz, de
amor, do dever, de justiça, etc. De acordo com a lei de causa e efeito, toda
atividade que promove o próprio bem ou o do seu parceiro é, automaticamente,
causa de felicidade. Por outro lado, toda atividade que promove prejuízos a si
mesmo ou ao seu parceiro, é causa de infelicidade. A chave da ação consciente é
o constante amor, sabedoria, caridade, equilíbrio, bom senso e lógica no uso
das energias físicas, intelectuais, emocionais, sexuais e instintivas. O maior
e melhor resultado da ação consciente é desfrutar de consciência tranqüila.
A motivação para viver requer a existência de significado profundo para
viver, independentemente do casamento, com base na lógica, na intuição, na
esperança, na moral e nos valores éticos. Essa motivação é obtida,
principalmente, através do autoconhecimento. O autoconhecimento promove a
felicidade através do encontro consigo mesmo, com a própria essência divina,
com o ser causal, com o eu maior, com o Self ou com o eu profundo.
A satisfação material implica no usufruto pelo casal de coisas básicas
tais como posse de coisas materiais, dinheiro, prazeres (alimentos, bebidas,
namoro, sexo, diversão, lazer, etc.), saúde, prosperidade, êxito nos negócios e
nas finanças, projeção social, repouso, segurança, moradia, vestuário,
transporte, etc. O acesso a todas essas coisas pode ser importante e
necessário, porém, deve-se ter cuidado com os excessos e com o apego exagerado
à transitoriedade da matéria. Geralmente, todo excesso ou falta de alguma
dessas coisas, isto é, o desequilíbrio, falta de bom senso ou de lógica no ser
e no ter, pode ser a causa de problemas e de infelicidade.
Por que se Casar?
É importante que os parceiros estejam plenamente conscientes dos
verdadeiros motivos do casamento. No casamento tem-se a situação e condição em
que duas pessoas que se amam serão unidas com o principal compromisso de se
ajudarem em suas caminhadas evolutivas. Assim, deve-se ter em mente que o
casamento deverá promover a melhoria mútua, sendo grandes as possibilidades de
que esta situação se torne cada vez mais complexa ao longo do tempo por causa
do aumento do número de pessoas envolvidas no processo tais como filhos
naturais e/ou adotivos, parentes, etc.
O casamento não deve ser realizado com o objetivo específico de nos
tornarmos felizes porque ninguém muda do estado de infeliz para feliz com o
casamento. A felicidade relativa pré-existente é um dos pré-requisitos das
pessoas que pretendem se casar de maneira que continuem sendo felizes após o casamento. Se o homem e/ou a mulher
não são felizes em suas vidas de solteiro, não é o casamento que deverá mudar
essa situação. A felicidade não pode ficar na dependência, por exemplo, de que
determinada pessoa se case conosco ou que goste de nós. Nunca seremos realmente
felizes se a nossa felicidade ficar na dependência de algo que esteja fora de
nosso controle, ou seja, fora de nós mesmos.
Como Fazer para Ser Feliz e Bem Sucedido
no Casamento?
O casamento tem alta probabilidade de durar muito tempo se as
seguintes condições estivem satisfeitas: 1) Existir, principalmente, compatibilidade,
afinidade e satisfação dos parceiros em certos aspectos materiais, emocionais e
mentais; 2) Os parceiros estiverem conscientes dos fatores envolvidos no
relacionamento humano, dentro e fora do casamento; 3) Existir compromisso mútuo
com a autotransformação e prática do bem; 4) Houver equilíbrio e harmonia da
energia sexual; 5) Os parceiros conhecerem profundamente o significado do amor,
erotismo e sexo no casamento. A seguir comentam-se em detalhes os itens citados
anteriormente.
1)
Aspectos materiais, emocionais e mentais
O matrimônio, no seu início, geralmente é doce e esperançoso. Isso não
impede, entretanto, que depois apareçam resultados desastrosos das ações e
reações do casal nas dimensões mental, emocional e material. Os parceiros precisam
aprender nos compromissos do lar que a matéria é transitória e que também é
necessário casar-se em Espírito para que um complete o outro num nível de
consciência mais profundo e significante. O amor, se ainda não existia, pode
aparecer ao extinguir-se o fogo da paixão, que é valorizado cada vez mais, de
alma para alma, capacitando os parceiros a melhores destinos evolutivos. É o
Espírito que ama e não o corpo, de modo que, desfeita a ilusão material, pode-se
enxergar a realidade espiritual que transcende a material.
As chances de sermos felizes no casamento aumentam bastante se
descobrirmos, antes de nos casarmos, se o nosso parceiro preenche os requisitos
fundamentais com relação a certos aspectos material, emocional e mental. Não
existe garantia, entretanto, de que o casamento será feliz e bem sucedido.
No caso do aspecto material, é muito importante que o casal esteja
significantemente satisfeito com relação ao prazer sexual. É claro que o casal
deve conversar bastante para entrar em acordo sobre os desejos e limites de
cada um com relação ao sexo. A conversa aberta do casal sobre todo tipo de
assunto ajuda muito para que sempre haja o fortalecimento da sinceridade,
confiança e respeito mútuo. O casamento em que os parceiros estão apenas no
nível físico de consciência poderá ser dissolvido assim que existirem
desacordos de natureza puramente material. Problemas, desacordos ou mudanças significativas
em coisas materiais tais como ritual, beleza e saúde física, fama, dinheiro, bens
materiais, qualidades ou defeitos físicos, instinto, sexo com compromissos de
natureza apenas física, poderão levar o casamento ao fracasso definitivo.
O aspecto emocional que mais influencia na relação é a certeza de que o
seu parceiro irá completá-lo para realizar atividades e/ou funções que
normalmente são desempenhadas na família e/ou no lar pelas figuras do “pai” e
da “mãe”. Em outras palavras, é importante saber se o seu parceiro irá
completá-lo para fazer coisas que geralmente são feitas por pessoas do sexo
masculino ou feminino. O homem, geralmente, busca na mulher, psicologicamente e
inconscientemente, o protótipo da sua própria mãe, para cuidar dos filhos, da
casa, do marido, dos serviços mais leves e daqueles que exigem mais a emoção do
que a razão tais como paciência, compreensão, carinho, conforto emocional,
detalhes e beleza. A mulher, geralmente, busca no homem, psicologicamente e
inconscientemente, o protótipo do seu próprio pai, cabeça e protetor da família,
organizador e mantenedor geral da casa, encarregado dos serviços mais pesados e
que exigem mais a razão do que a emoção tais como manutenção geral, controle
das finanças, provedor de habitação, alimentação, conforto material, roupas,
móveis e lazer da família. O aspecto emocional está relacionado a um nível de
consciência em que predomina a paixão, o sentimento ou o desejo. O casamento em
que os parceiros estão somente no nível de consciência emocional não garante a
manutenção da união quando acontecem mudanças tais como o esfriamento da paixão,
a perda do desejo ou o abandono dos compromissos com relação às tarefas
assumidas. É a doçura do mel e prazer que se acaba e a terrível rotina que se
inicia. No entanto, mudanças significativas e problemas materiais tais como
dificuldades financeiras, doenças físicas e perdas de bens materiais poderão
ser superadas no relacionamento.
No aspecto mental deve haver certa sintonia de idéias e afinidade de
pensamentos de modo que exista amizade verdadeira entre os parceiros. Os
parceiros deverão ter condições intelectuais para conversar sobre diferentes
assuntos com mútua demonstração de interesse, capacidade para fazer e executar
planos em áreas diversas tais como lazer, diversão, compras, imóveis, reformas,
esportes, informática, religião, filosofia, economia, cultura em geral,
educação e formação profissional. A união em que os parceiros estejam no nível de
consciência mental pode ser sustentada por toda vida com base em pensamentos
afins tais como no planejamento da vida a dois, na escolha do local para viver,
na seleção dos bens materiais, na vontade de se tornarem pais e na escolha das
atividades profissionais. Problemas e mudanças significativas nos aspectos,
tanto material quanto emocional, poderão ser superados no relacionamento.
Assim, problemas devido às modificações normais que acontecem com o passar do
tempo tais como o esfriamento da paixão, doenças físicas ou emocionais, perda
da beleza física ou dificuldades financeiras, poderão ser compreendidos e
superados pelo casal.
2)
Relacionamento Humano
A paz e harmonia entre as pessoas dependem, principalmente, do bom
relacionamento humano. Este, por sua vez, depende, principalmente, da
aceitação, admiração, afeto, atenção, colaboração, participação e comunicação.
A aceitação permite aceitarmos a nós mesmos e aos outros. A admiração permite,
primeiramente, elogiar as pessoas antes de criticá-las. O afeto significa que
todos nós somos carentes de amor e carinho. A atenção permite sempre demonstrar
a presença do outro, dedicando a ele nosso tempo. A comunicação se refere ao
conteúdo e a forma pela qual trocamos informações com os outros. A colaboração
é fator de entendimento entre as pessoas, base para uma verdadeira
fraternidade. A participação permite estarmos sempre presentes na família e na
sociedade, trabalhando, divertindo e ajudando uns aos outros.
3) Compromisso
mútuo com a autotransformação e prática do bem
Em nossa evolução espiritual, buscamos eternamente pela fonte da Vida, do
Amor, da Verdade e da Felicidade. No casamento, essa busca é realizada tanto
interiormente quanto através de nosso(a) parceiro(a). Assim, se os parceiros
estiverem comprometidos com a sua autotransformação, consequentemente, sempre
estarão crescendo espiritualmente, de modo que novos aspectos de suas personalidades
estarão disponíveis para serem descobertos. Se ao contrário disso, um ou os
dois parceiros ficarem estagnados evolutivamente, depois de algum tempo poderão
perder o interesse no outro, por acharem que já conhecem totalmente ou
suficientemente o outro, tornando-se assim o casamento enfadonho e abrindo portas
para a procura de outro parceiro mais interessante para ser descoberto.
A autotransformação (http://amigodejornada.blogspot.com.br/2013/03/metodo-das-sete-fases-de.html) é um processo contínuo de expansão da consciência,
mediante a transformação e integração do ego ao Eu Real, objetivando o
aperfeiçoamento moral, ético e espiritual, eliminando vícios, transformando
defeitos em virtudes, permitindo atingir o autodomínio e a praticar o bem com
naturalidade. A vida, automaticamente, nos leva à reforma íntima pelo caminho
da dor, sofrimento, autoanálise e convívio com o próximo. No entanto, é
possível evitar muitas dores, sofrimentos, problemas e dissabores, caso
optemos, conscientemente, pelo caminho da autotransformação. A
autotransformação promove muitos benefícios em nossa vida tais como: melhoria
da saúde integral devido à eliminação de culpas, ressentimentos, medos,
ansiedades e críticas; melhoria do relacionamento com si mesmo e com os outros;
facilitação da vivência da sabedoria, do amor e da caridade; aumento da
autoestima, autopercepção, autoaceitação e capacidade de concentração
focalizada; maior compreensão da realidade; aumento das virtudes e diminuição
dos defeitos e das máscaras; maior integração com a fonte da vida, do amor e do
poder universais. A aceleração do progresso espiritual, resultantes do esforço
na autotransformação, permite atingirmos estados de consciência cada vez mais
repletos de paz, amor, harmonia, equilíbrio, felicidade e saúde integrais,
realização, verdade e justiça.
4)
Equilíbrio e harmonia da energia sexual
O anima e o animus são os opostos psicológicos existentes
no homem e na mulher (conceito desenvolvido pelo psiquiatra suíço C. G. Jung). O
anima corresponde ao componente
feminino numa personalidade de homem, e o animus
corresponde ao componente masculino numa personalidade de mulher.
Sabemos que o Espírito não tem sexo, isto é, podemos reencarnar ora como
homem ora como mulher, dependendo de nossa psique, interesses, provas, missões,
carma ou necessidades evolutivas. O Espírito que somos, é um ser imaterial, criado
à imagem e semelhança de Deus, imortal, princípio inteligente individualizado,
princípio de consciência primordial ou essência Divina.
O Espírito aciona a mente pelo pensamento e atua no corpo emocional,
corpo etérico ou corpo físico, conforme a modulação das ondas mentais geradas
na intimidade. Assim, pela mente, plasmamos a nossa própria atmosfera e
sentimentos, imprimindo em nós mesmos o ego ou nos expressamos pela sabedoria e
amor nos corpos mais sutis (Joseph Gleber/Robson Pinheiro, Além da Matéria).
O sexo é definido em nosso corpo mental e o reflexo disso se manifesta em
nossos corpos emocional, etérico e físico. Os parceiros deverão saber lidar com
o anima e o animus no desempenho de atividades e funções nos níveis de
consciência físico, emocional e mental de modo que haja harmonia interior e
também no relacionamento do casal. André Luiz (F.C. Xavier, Ação e reação) nos
diz: “(...) o sexo, analisado na essência, é a soma das qualidades femininas ou
masculinas que caracterizam a mente, razão por que é imprescindível observá-lo,
do ponto de vista espiritual, enquadrando-o na esfera das concessões divinas
que nos cabe movimentar com respeito e rendimento na produção do bem”.
Espírito André Luiz (F.C. Xavier, Evolução em dois mundos) também esclarece
que: “A sede real do sexo não se acha, dessa maneira, no veículo físico, mas
sim na entidade espiritual, em sua estrutura complexa. “O sexo é, portanto,
mental em seus impulsos e manifestações (...). Walter Barcelos (Sexo e
evolução) complementa: “O corpo não comanda a mente, e sim esta é que
administra profundamente a organização do corpo espiritual e do corpo físico. A
sexualidade da criatura humana, antes de tudo, nasce do arquivo mental. Os
órgãos genitais masculinos e femininos são instrumentos do Espírito, através da
ação mental. Perdendo o corpo físico, o Espírito nada perde de imediato, de sua
sexualidade, de suas características, de sua maneira de ser”.
5)
Conhecimento profundo do significado do amor, erotismo e sexo no casamento
Considerando-se que é de fundamental
importância conhecer profundamente o significado do amor, erotismo e o sexo no
casamento, incluíram-se neste texto, comentários de diferentes autores
espíritas e espiritualistas sobre este tema.
Joanna de Ângelis (Divaldo Pereira
Franco, Amor, imbatível amor) nos esclarece de maneira direta, profunda, atual
e completa sobre o significado do amor, erotismo e sexo. Sobre o amor, imbatível amor, Ângelis nos
ensina que “o amor é substância criadora e mantenedora do Universo, constituído
por essência divina.” “Quando aparente — de caráter sensualista, que busca
apenas o prazer imediato — se debilita e se envenena, ou se entorpece, dando
lugar à frustração. Quando real, estruturado e maduro — que espera, estimula,
renova — não se satura, é sempre novo e ideal, harmônico, sem altibaixos
emocionais. Une as pessoas, porque reúne as almas, identifica-as no prazer
geral da fraternidade, alimenta o corpo e dulcifica o eu profundo. O prazer
legítimo decorre do amor pleno, gerador da felicidade, enquanto o comum é
devorador de energias e de formação angustiante. O amor atravessa diferentes
fases: o infantil, que tem caráter possessivo, o juvenil, que se expressa pela
insegurança, o maduro, pacificador, que se entrega sem reservas e faz-se
plenificador. Há um período em que se expressa como compensação, na fase
intermediária entre a insegurança e a plenificação, quando dá e recebe,
procurando liberar-se da consciência de culpa. O estado de prazer difere daquele
de plenitude, em razão de o primeiro ser fugaz, enquanto o segundo é
permanente, mesmo que sob a injunção de relativas aflições e problemas-desafios
que podem e devem ser vencidos. Somente o amor real consegue distingui-los e os
pode unir quando se apresentem esporádicos. A ambição, a posse, a inquietação
geradora de insegurança — ciúme, incerteza, ansiedade afetiva, cobrança de
carinhos e atenções —, a necessidade de ser amado caracterizam o estágio do
amor infantil, obsessivo, dominador, que pensa exclusivamente em si antes que
no ser amado. A confiança, suave-doce e tranqüila, a alegria natural e sem
alarde, a exteriorização do bem que se pode e se deve executar, a compaixão
dinâmica, a não-posse, não-dependência, não-exigência, são benesses do amor
pleno, pacificador, imorredouro. Mesmo que se modifiquem os quadros existenciais,
que se alterem as manifestações da afetividade do ser amado, o amor permanece
libertador, confiante, indestrutível. Nunca se impõe, porque é espontâneo como
a própria vida e irradia-se mimetizando, contagiando de júbilos e de paz.”
Sobre
o amor e eros, Ângelis nos ensina
que “o amor se expressa como sentimento que se expande, irradiando harmonia e
paz, terminando por gerar plenitude e renovação íntima. Igualmente se manifesta
através das necessidades de intercâmbio afetivo, no qual os indivíduos se
completam, permutando hormônios que relaxam o corpo e dinamizam as fontes de
inspiração da alma, impulsionando para o progresso. Sem ele, se entibiam as
esperanças e deperece o objetivo existencial do ser humano na Terra. As
grandes construções do pensamento sempre se alicerçam nas suas variadas
manifestações, concitando ao engrandecimento espiritual, arrebatando pelos
ideais de dignificação humana e fomentando tanto o desenvolvimento intelectual
como o moral. Valioso veículo para que se perpetue a espécie, quando no
intercurso sexual, de que se faz o mais importante componente, é a força
dinâmica e indispensável para que a vida se alongue, etapa-a-etapa, ditosa e
plena.” “Sob a sua inspiração as funções sexuais se enobrecem e a sexualidade
se manifesta rica de valores sutis: um olhar de carinho, um toque de
afetividade, um abraço de calor, um beijo de intimidade, uma carícia envolvente,
uma palavra enriquecedora, um sorriso de descontração, tornando-se veículo de
manifestação da sua pujança, preparando o campo para manifestações mais
profundas e responsáveis. Como é verdade que o instinto reprodutor realiza o
seu mister automaticamente, quando, no entanto, o amor intervém, a sensação se
ergue ao grau de emoção duradoura com todos os componentes fisiológicos, sem a
selvageria da posse, do abandono e da exaustão. A harmonia e a satisfação de
ambos os parceiros constituem o equilíbrio do sentimento que se espraia e
produz plenitude. A libido, sob os seus impulsos, como força criadora, não
produz tormento, não exige satisfação imediata, irradiando-se, também, como
vibração envolvente, imaterial, profundamente psíquica e emocional. Quando o
sexo se impõe sem o amor, a sua passagem é rápida, frustrante, insaciável... Por
outro lado, os mitólogos definem Eros, na conceituação antiga do Olimpo grego,
como sendo a divindade que representa o Amor, particularmente o de natureza
física. Eros teria nascido do caos primitivo, portanto, espontaneamente, como
manifestação da vida afetiva. A partir do século 6º antes de Cristo passou a
ser representativo da Paixão, e teria tido uma origem diferente, uma gênese
mais poética, comparecendo como filho de Hermes e Afrodite, ou como descendente
de Cronos e Gê, ou de Zéfiro e Íris, ou ainda, de Afrodite e Marte... Foi
objeto de culto particular e especial em Téspias, Esparta, Samos, Atenas,
merecendo esse culto ser associado ao que se dispensava a Afrodite, Cantes,
Dionísio e Hércules. Por extensão, passou a representar o desejo sexual, a
função meramente decorrente do gozo sensualista, dos prazeres e satisfações
sexuais. Posteniormente, os romanos identificaram-no como Cupido, filho de
Vênus, inicialmente representado como um adolescente, enquanto na Grécia
possuía a aparência de uma criança algo maliciosa, que se fazia conhecer com ou
sem asas, arco e flecha nas mãos. Foi tido como o mais poderoso dos deuses
durante muito tempo. O importante, porém, é que, em nosso conceito pessoal, o
amor transcende os desejos sexuais, enquanto Eros, que pode ser portador de
sentimento afetivo, caracteriza-se pelos condimentos da libido, sempre direcionada
para os prazeres e satisfações imediatas da utilização do sexo. O amor é
permanente, enquanto Eros é transitório. O primeiro felicita, proporcionando
alegrias duradouras; o segundo agrada e desaparece voraz, como chama crepitante
que arde e gasta o combustível, logo se convertendo em cinzas que se esfriam...
Eros toma conta dos sentidos e responde pelas paixões desenfreadas, pelos
conflitos da insatisfação, que levam ao crime, ao desar, ao desespero. Tendo,
por objetivo imediato e inadiável, o atendimento dos desejos mentais do
desequilíbrio sexual, é responsável pela alucinação que predomina nos grupos sociais
em desalinho. Assomando
em catadupas de posse enceguecida, não confia, envenena-se pelo ciúme,
transtorna-se pela insegurança, fere e magoa, derrapando em patologias sexuais
devastadoras e perversões alucinantes. O amor dulcifica e acalma, espera e
confia. É enriquecedor, e, embora se expresse em desejos ardentes que se
extasiam na união sexual, não consome aqueles que se lhe entregam ao
abrasamento, porque se enternece e vitaliza, contribuindo para a perfeita
união. O amor utiliza-se de Eros, sem que se lhe submeta, enquanto esse
raramente se unge do sentimento de pureza e serenidade que caracterizam o
primeiro. Os atuais são dias de libido desenfreada, de paixão avassaladora, de
predominância dos desejos que desgovernam as mentes e aturdem os sentimentos
sob o comando de Eros. Não obstante, o amor está sendo convidado a substituir
a ilusão que o sexo automatista produz, acalmando as ansiedades enquanto alça
os seres humanos ao planalto das aspirações mais libertadoras.”
Concordando com Ângelis, Eva Pierrakos (O caminho da autotransformação) descreve
três poderosas forças universais: a força do amor enquanto é manifestado entre
os sexos, a força de eros e a força do sexo. A força erótica, conforme
Pierrakos, “tem uma energia viva e deve servir de ponte entre o sexo e o amor,
mas é raro que desempenhe essa função. Em pessoa de grande desenvolvimento
espiritual, a força erótica a conduz do estado de experiência erótica, que em
si é de curta duração, para o estado permanente de puro amor. Porém, mesmo o
forte impulso da força erótica leva a alma apenas até esse ponto, e não mais.
Essa força se dissolve se a pessoa não souber amar através do desenvolvimento
de todas as qualidades e requisitos necessários para o amor puro. A centelha da
força erótica se mantém viva somente quando o amor é aprendido. Por si mesma,
sem amor, a força erótica se consome e se extingue. E este é, sem dúvida, o
problema do casamento. A maioria das pessoas não tem condições de chegar ao
casamento ideal porque é incapaz de oferecer amor puro. Só quando a alma
estiver preparada para o amor e lhe tiver lançado os fundamentos é que eros
será a ponte para o amor que se manifesta entre um homem e uma mulher.”
Sobre o desejo
e prazer, Ângelis nos ensina que “o desejo, que leva ao prazer, pode
originar-se no instinto, em forma de necessidade violenta e insopitável,
tornando-se um impulso que se sobrepõe à razão, predominando em a natureza
humana, quando ainda primitiva na sua forma de expressão. Nesse caso, torna-se
imperioso, devorador e incessante. Sem o controle da razão, desarticula os
equipamentos delicados da emoção e conduz ao desajuste comportamental. Como
sede implacável, não se sacia, porque é devoradora, mantendo-se a nível de
sensação periférica na área dos sentimentos que se não deixam de todo dominar É
voraz e tormentoso, especialmente na área genésica, expressando-se como
erotismo, busca sexual para o gozo. Em esfera mais elevada, torna-se
sentimento, graças à conquista de algum ideal, alguma aspiração, anseio por
alcançar metas agradáveis e desafiadoras, propensão à realização enobrecedora.
Dir-se-á que as duas formas confundem-se em uma única, o que, para nós, tem
sentido diferente, quando examinamos a função sexual e o desejo do belo, do nobre,
do harmonioso, em comparação àquele de natureza orgânica, erótica, de
compensação imediata até nova e tormentosa busca. O desejo impõe-se como
fenômeno biológico, ético e estético, necessitando ser bem administrado em um
como noutro caso, a fim de se tornar motivação para o crescimento psicológico e
espiritual do ser humano. É natural, portanto, a busca do prazer, esse
desejo interior de conseguir o gozo, o bem-estar, que se expressa após a
conquista da meta em pauta.
Por sua vez, o prazer é incontrolável, assim como não
administrável pela criatura humana. Goethe afirmava que ele constituía uma
verdadeira dádiva de Deus para todos quantos se identificam com a vida e que
se alegram com o esplendor e a beleza que ela revela. A vida, em conseqüência,
retribui-o através do amor e da graça. O prazer se apresenta sob vários
aspectos: orgânico, emocional, intelectual, espiritual, sendo, ora físico,
material, e noutros momentos de natureza abstrata, estético, efêmero ou
duradouro, mas que deve ser registrado fortemente no psiquismo, para que a
existência humana expresse o seu significado. O prazer depende, não raro, de
como seja considerado. Aquilo que é bom, genericamente dá prazer, abrindo
espaço para o medo da perda, das faltas, ou para as situações em que pode gerar
danos, auxiliando na queda do indivíduo em calabouços de aflição. Muitas
pessoas consideram o prazer apenas como sendo expressão da lascívia, e se
olvidam daquele que decorre dos ideais conquistados, da beleza que se expande
em toda parte e pode ser contemplada, das inefáveis alegrias do sentimento
afetuoso, sem posse, sem exigência, sem o condicionamento carnal. Por uma
herança atávica, grande número de pessoas tem medo do prazer, da felicidade,
por associá-lo ao pecado, à falta de mérito, que se tornaria uma dívida a
resgatar, ensejando à desgraça vir-lhe empós, ou, talvez, como sendo uma
tentação diabólica para retirar a alma do caminho do bem. Tal castração
punitiva, que se prolongou por muitos séculos, ao ser vencida deixou uma certa
consciência de culpa, que liberada, vem conduzindo uma verdadeira legião de
gozadores ao desequilíbrio, ao abuso, ao extremo das aberrações. Como efeito
secundário, ainda existem muitas pessoas que temem o prazer ou que procuram
dissimulálo, envolvendo-o em roupagens variadas de desculpismos, para acalmar
seus conflitos subjacentes. Acentuamos, porém, que o prazer é uma força criadora,
predominante em tudo e em todos, responsável pela personalidade, mesmo pela
esperança. Muitas vezes, é confundido com o desejo de tudo possuir, a fim de
desfrutar, mais tarde, da cornucópia carregada de todos os gozos,
preferentemente o de natureza sexual. Desse modo, o desejo e o prazer se
transformam em alavancas que promovem o indivíduo ou abismos que o devoram. A
essência da vida corporal, no entanto, é a conquista de si mesmo, a luta bem
direcionada para que se consiga a vitória do Self, a sua harmonia, e não apenas
o gozo breve, que se transfere de um estágio para outro, sempre mais ansioso e
perturbador.”
Sobre o sexo e amor, Ângelis nos ensina que “na
sua globalidade, o amor é sentimento vinculado ao Self enquanto que a busca do
prazer sexual está mais pertinente ao ego, responsável por todo tipo de posse. O sentimento de amor pode levar a uma
comunhão sexual, sem que isso lhe seja condição imprescindível. No entanto, o
prazer sexual pode ser conseguido pelo impulso meramente instintivo, sem
compromisso mais significativo com a outra pessoa, que, normalmente se sente
frustrada e usada. Os profissionais do sexo, porque perdem o componente
essencial dos estímulos, em razão do abuso de que se fazem portadores, derrapam
nas explosões eróticas, buscando recursos visuais que lhes estimulem a mente,
a fim de que a função possa responder de maneira positiva. Mecanicamente se
desincumbem da tarefa animal e violenta, tampouco satisfazendo-se, porqüanto
acreditam que estão em tarefa de aliciamento de vidas para o comércio
extravagante e nefando da venda das sensações fortes, a que se habituaram. O
amor, como componente para a função sexual, é meigo e judicioso, começando pela
carícia do olhar que se enternece e vibra todo o corpo ante a expectativa da
comunhão renovadora. Essa libido tormentosa, veiculada pela mídia e exposta
nas lojas em forma de artefatos, torna-se aberração que passa para exigências
da estroinice, resvalando nos abismos de outros vícios que se lhe associam. Quando
o sexo se apresenta exigente e tormentoso, o indivíduo recorre aos expedientes
emocionais da violência, da perseguição, da hediondez. Os grandes carrascos da
Humanidade, até onde se os pode entender, eram portadores de transtornos sexuais,
que procuravam dissimular, transferindo-se para situações de relevo político,
social, guerreiro, tornando-se temerários, porque sabiam da impossibilidade de
serem amados. Quando o amor domina as paisagens do coração, mesmo existindo
quaisquer dificuldades de ordem sexual, faz-se possível superá-las, mediante a
transformação dos desejos e frustrações em solidariedade, em arte, em
construção do bem, que visam ao progresso das pessoas, assim como da
comunidade, tornando-se, portanto, irrelevantes tais questões. O ser humano,
embora vinculado ao sexo pelo atavismo da reprodução, está fadado ao amor, que
tem mais vigor do que o simples intercurso genital. Sem dúvida, por outro lado,
as grandes edificações de grandeza da humanidade tiveram no sexo o seu élan de estímulo e de força. Não
obstante, persegue-se o sucesso, a glória efêmera, o poder para desfrutar dos
prazeres que o sexo proporciona, resvalando-se em equívoco lamentável e
perturbador. O amor à arte e à beleza igualmente inspirou Miguel Ângelo a
pintar a capela Sistina, dentre outras obras magistrais, a esculpir la Pietá e o Moisés; o amor à
ciência conduziu Pasteur à descoberta dos micróbios; o amor à verdade levou
Jesus à cruz, traçando uma rota de segurança para as criaturas humanas de todos
os tempos... O amor é o doce enlevo que embriaga de paz os seres e os promove
aos píncaros da auto-realização, estimulando o sexo dignificado, reprodutor e
calmante. Sexo, em si mesmo, sem os condimentos do amor é impulso violento e
fugaz.”
Sobre o medo de amar, Ângelis nos ensina que “a insegurança emocional responde pelo medo de amar.
Como o amor constitui um grande desafio para o Self, o indivíduo enfermiço, de
conduta transtornada, inquieto, ambicioso, vítima do egotismo, evita amar, a
fim de não se desequipar dos instrumentos nos quais oculta a debilidade
afetiva, agredindo ou escamoteando-se em disfarces variados. O amor é
mecanismo de libertação do ser, mediante o qual, todos os revestimentos da
aparência cedem lugar ao Si profundo, despido dos atavios físicos e mentais,
sob os quais o ego se esconde. O medo de amar é muito maior do que parece no organismo
social. As criaturas, vitimadas pelas ambições imediatistas, negociam o prazer
que denominam como amor ou impõem-se ser amadas, como se tal conquista fosse
resultado de determinados condicionamentos ou exigências, que sempre resultam em fracasso. Toda vez
que alguém exige ser amado, demonstra desconhecimento das possibilidades que
lhe dormem em latência e afirma os conflitos de que se vê objeto. O amor, para
tal indivíduo, não passa de um recurso para uso, para satisfações imediatas,
iniciando pela projeção da imagem que se destaca, não percebendo que, aqueloutros
que o louvam e o bajulam, demonstrando-lhe afetividade são, também,
inconscientes, que se utilizam da ocasião para darem vazão às necessidades de
afirmação da personalidade, ao que denominam de um lugar ao Sol, no qual
pretendem brilhar com a claridade alheia. Vemo-los no desfile dos oportunistas
e gozadores, dos bulhentos e aproveitadores que sempre cercam as pessoas
denominadas de sucesso, ao lado das quais se encontram vazios de sentimento,
não preenchendo os espaços daqueles a quem pretendem agradar, igualmente
sedentos de amor real. O amor está presente no relacionamento existente
entre pais e filhos, amigos e irmãos. Mas também se expressa no sentimento do
prazer, imediato ou que venha a
acontecer mais tarde, em forma de bem-estar. Não se pode dissociar o amor desse
mecanismo do prazer mais elevado, mediato, aquele que não atormenta nem exige,
mas surge como resposta emergente do próprio ato de amar. Quando o amor se
instala no ser humano, de imediato uma sensação de prazer se lhe apresenta natural,
enriquecendo-o de vitalidade e de alegria com as quais adquire resistência para
a luta e para os grandes desafios, aureolado de ternura e de paz. O amor
resulta da emoção, que pode ser definida como uma reação intensa e breve do
organismo a um lance inesperado, a qual se acompanha dum estado afetivo de
concentração penosa ou agradável, do ponto de vista psicológico. Também pode
ser definida como o movimento emergente de um estado de excitamento de prazer
ou dor. Como conseqüência, o amor sempre se direciona àqueles que são
simpáticos entre si e com os quais se pode manter um relacionamento agradável.
Este conceito, porém, se restringe à exigência do amor que se expressa pela
emoção física, transformando-se em prazer sensual. Sob outro aspecto, há o amor
profundo, não necessariamente correspondido, mas feito de respeito e de
carinho pelo indivíduo, por uma obra de arte, por algo da Natureza, pelo ideal,
pela conquista de alguma coisa superior ou transcendente, para cujo logro se
empenham todas as forças disponíveis, em expectativa de um prazer remoto a
alcançar. As experiências positivas desenvolvem os sentimentos de afetividade
e de carinho, as desagradáveis propõem uma postura de reserva ou que se faz
cautelosa, quando não se apresenta negativa. No medo de amar, estão definidos
os traumas de infância, cujos reflexos se apresentam em relação às demais
pessoas como projeções dos tormentos sofridos naquele período. Também pode
resultar de insatisfação pessoal, em conflito de comportamento por imaturidade
psicológica, ou reminiscência de sofrimentos, ou nos seus usos indevidos em
reencarnações transatas. De alguma forma, no amor, há uma natural necessidade
de aproximação física, de contato e de contigüidade com a pessoa querida. Quando
se é carente, essa necessidade torna-se tormentosa, deixando de expressar o
amor real para tornar-se desejo de prazer imediato, consumidor. Se for
estabelecida uma dependência emocional, logo o amor se transforma e torna-se um
tipo de ansiedade que se confunde com o verdadeiro sentimento. Eis porque,
muitas vezes, quando alguém diz com aflição eu o amo, está tentando dizer eu
necessito de você, que são sentimentos muito diferentes. O amor condicional,
dependente, imana uma pessoa à outra, ao invés de libertá-la. Quando não
existe essa liberdade, o significado do eu o amo, o transforma na exigência de
você me deve amar, impondo uma resposta de sentimento inexistente no outro. O
medo de amar também tem origem no receio de não merecer ser amado, o que
constitui um complexo de inferioridade. Todas as pessoas são carentes de amor e
dele credoras, mesmo quando não possuam recursos hábeis para consegui-lo. Mas
sempre haverá alguém que esteja disposto a expandir o seu sentimento de amor,
sintonizando com outros, também portadores de necessidades afetivas. O medo,
pois, de amar, pelo receio de manter um compromisso sério, deve ser substituído
pela busca da afetividade, que se inicia na amizade e termina no amor pleno.
Tal sentimento é agradável pela oportunidade de expandir-se, ampliando os
horizontes de quem deseja amigos e torna-se companheiro, desenvolvendo a
emoção do prazer pelo relacionamento desinteressado, que se vai alterando até
se transformar em amor legítimo. Indispensável, portanto, superar o conflito
do medo de amar, iniciando-se no esforço de afeiçoar-se a outrem, não gerando
dependência, nem impondo condições. Somente assim a vida adquire sentido
psicológico e o sentimento de amor domina o ser.”
Sobre o casamento e companheirismo, Ângelis nos ensina que “o resultado natural do amor entre pessoas de sexos
diferentes é o casamento, quando se tem por meta a comunhão física, o
desenvolvimento da emoção psíquica, o relacionamento gerador da família e o
companheirismo. O matrimônio representa um estágio de alto desenvolvimento
do Self, quando se reveste de respeito e consideração pelo cônjuge, firmando-se
na fidelidade e nos compromissos da camaradagem em qualquer estágio da união
que os vincula, reciprocamente, um ao outro ser. Conquista da monogamia, através de grandes lutas,
o instinto vem sendo superado pela inteligência e pela razão, demonstrando que
o sexo tem finalidades específicas, não devendo a sua função ser malbaratada
nos jogos do prazer incessante, e significa uma auto-realização da sociedade,
que melhor compreende os direitos da pessoa feminina, que deixa de ser um objeto
para tornar-se nobre e independente quanto é. O mesmo ocorre em relação ao
esposo, cabendo à mulher o devido cumprimento dos deveres de o respeitar, mantendo-se
digna em qualquer circunstância e época após o consórcio. Mais do que um ato
social ou religioso, conforme estabelecem algumas Doutrinas ancestrais,
vinculadas a dogmas e a ortodoxias, o casamento consolida os vínculos do amor
natural e responsável, que se volta para a construção da família, essa
admirável célula básica da humanidade. O lar é, ainda, o santuário do amor, no
qual, as criaturas se harmonizam e se completam, dinamizando os compromissos
que se desdobram em realizações que dignificam a sociedade. Por isso, quando o
egoísmo derruba os vínculos do matrimônio por necessidades sexuais de variação,
ou porque houve um processo de saturação no relacionamento, havendo filhos,
gera-se um grave problema para o grupo social, não menor do que em relação a si
mesmo, assim como àquele que fica rejeitado. Certamente, nem todos os dias da
convivência matrimonial serão festivos, mas isso ocorre em todos os campos do
comportamento. Aquilo que hoje tem um grande sentido e desperta prazer, amanhã,
provavelmente, se torna maçante, desagradável. Nesse momento, a amizade assume
o seu lugar, amenizando o conflito e proporcionando o companheirismo agradável
e benéfico, que refaz a comunhão, sustentando a afeição. Em verdade, o que
mantém o matrimônio não é o prazer sexual, sempre fugidio, mesmo quando inspirado
pelo amor, mas a amizade, que responde pelo intercâmbio emocional através do
diálogo, do interesse nas realizações do outro, na convivência compensadora, na
alegria de sentir-se útil e estimado. Há muitos fatores que contribuem para o
desconcerto conjugal na atualidade, como os houve no passado. Primeiro, os de
natureza íntima: insegurança, busca de realização pelo método da fuga,
insatisfação em relação a si mesmo, transferência de objetivos, que nunca se
completarão em uma união que não foi amadurecida pelo amor real. Segundo, por
outros de ordem psico-social, econômica, educacional, nos quais estão embutidos
os culturais, de religião, de raça, de nacionalidade, que sempre comparecem
como motivo de desajuste, passados os momentos de euforia e de prazer. Ainda
se podem relacionar aqueles que são conseqüências de interesses subalternos,
nos quais o sentimento do amor esteve ausente. Nesses casos, já se iniciou o
compromisso com programa de extinção, o que logo sucede. Há, ainda, mais alguns
que são derivados do interesse de obter sexo gratuitamente, quando seja
solicitado, o que derrapa em verdadeira amoralidade de comportamento. O
matrimônio, fomentando o companheirismo, permite a plenificação do par, que
passa a compreender a grandeza das emoções profundas e realizadoras,
administrando as dificuldades que surgem, prosseguindo com segurança e
otimismo. Nos relacionamentos conjugais profundos também podem surgir
dificuldades de entendimento, que devem ser solucionadas mediante a ajuda
especializada de conselheiro de casais, de psicólogos, da religião que se
professa, e, principalmente, por intermédio da oração que dulcifica a alma e
faculta melhor entendimento dos objetivos existenciais. Desse modo, a
tolerância toma o lugar da irritação, a compreensão satisfaz os estados de
desconforto, favorecendo com soluções hábeis para que sejam superadas essas
ocorrências. É claro que o casamento não impõe um compromisso irreversível, o
que seria terrivelmente perturba-dor e imoral, em razão de todos os desafios
que apresenta, os quais deixam muitas seqüelas, quando não necessariamente
diluídos pela compreensão e pela afetividade. A separação legal ocorre quando
já houve a de natureza emocional, e as pessoas são estranhas uma à outra. Ademais,
a precipitação faz com que as criaturas se consorciem não com a
individualidade, o ser real, mas sim, com a personalidade, a aparência, com os
maneirismos, com as projeções que desaparecem na convivência, desvelando cada
qual conforme é, e não como se apresentava no período da conquista. Essa
desidentificação, também conhecida como o cair da máscara, causa, não poucas
vezes, grandes choques, produzindo impactos emocionais devastadores. O ser
amadurecido psicologicamente procura a emoção do matrimônio, sobretudo para
preservar-se, para plenificar-se, para sentir-se membro integrante do grupo
social, com o qual contribui em favor do progresso. A sua decisão reflete-se
na harmonia da sociedade, que dele depende, tanto quanto ele se lhe sente
necessário. Todo compromisso afetivo, portanto, que envolve dois indivíduos,
torna-se de magna importância para o comportamento psicológico de ambos.
Rupturas abruptas, cenas agressivas, atitudes levianas e vulgaridade geram lesões
na alma da vítima, assim como naquele que as assume.”
No decálogo da sexualidade, citado por Alcione Moreno (Sexualidade e
espiritismo), considera-se que:
1. A sexualidade é uma forma
especial e profunda de comunicação que tendo um código, obriga a que seus
constituintes o conheçam e o manejam de forma adequada.
2. Requer das
pessoas que se reconheçam como seres sexuados e sexuais, que tem deveres e direitos
para consigo mesmo e para com a outra pessoa.
3. A sexualidade se origina de
um profundo conhecimento que se tenha tanto de si mesmo como da outra pessoa
enquanto sexo e sexualidade, da valorização das características (capacidade e
limitações) e necessidades nestas áreas de ambos.
4. É um processo
dinâmico que se transforma no tempo em suas formas de expressão e de satisfação.
5. Como qualquer
outra forma de comunicação humana, é um processo que apresenta contínuas
crises, que devem ser enfrentadas com honestidade, responsabilidade e eficácia.
6. A sexualidade não deve
converter-se em um elemento destrutivo ao ser utilizado como instrumento de
poder, possessão, manipulação e, menos ainda como elemento de contínuas
reconciliações.
7. É um ato
humano, sendo muito importante saber receber como saber dar.
8. A sexualidade deve
desenvolver o erotismo de ambos, e o pleno desfrute da genitalidade e assim
contribuir para o desenvolvimento de outras áreas de sua personalidade e vida.
9. Deve ser
baseado no bem estar, deve ser origem do crescimento pessoal, e contra o
sacrifício de uma ou de ambas as partes pata manter a união.
10. A sexualidade para ser
integral, deve ser complemento e não competência, desde o ponto de vista
sensorial e intelectual, o qual permitem que se amem respeitando dignamente sua
individualidade.
Ao Decálogo da sexualidade, Alcione apenas acrescenta o ponto de vista
espiritual, para não perder o parâmetro de nossa imortalidade, de nosso
conhecimento sobre reencarnação, afinidades entre espíritos, vibração, troca de
energia, enfim o conhecimento da Doutrina Espírita: “A sexualidade existe e é
um sentimento básico, determinante de equilíbrio interno. Reprimi-lo é
atirar-se em prisão degeneradora da mente. Consumi-lo à saciedade é cair em
abismo de desestruturação da alma, busquemos sempre o equilíbrio.”
Walter Barcelos (Evolução e sexo) realizou minuciosa pesquisa na
literatura espírita e sua conseqüente análise sobre a questão sexual, matéria
delicada e complexa, mas, nem por isso, inabordável aos estudiosos.
Considerando a importância dos temas abordados por Barcelos, incluíram-se neste
texto algumas de suas seções (fonte citada entre parênteses), conforme segue:
1. Casamento: compromisso e responsabilidade; 2. Simbiose de forças sexuais; 3.
Compromisso sexual e alimento magnético; 4. União sexual fisiológica e
sexualidade espiritual; 5. Lei Divina Material e Lei Divina Moral. Instinto
sexual e amor; 6. Abandono da sustentação sexual fisiopsíquica; 7.
Comportamento sexual dos cônjuges e ambiente espiritual. As referidas seções pesquisadas
por Barcelos foram integralmente incluídas a seguir.
1. Casamento:
compromisso e responsabilidade (André Luiz / F.C. Xavier, Ação e Reação)
Com a união conjugal, nasce automaticamente o compromisso de um para com
o outro, pois ambos viverão na dependência um do outro. No acasalamento entre
os animais, não há compromisso e nem responsabilidade permanente, pois não
existem os valores afetivos, morais e conscienciais em jogo, e são justamente
esses valores que tornam o matrimônio uma realização superior e de serviços extensos
e complexos para ambos os sexos. Emmanuel nos esclarece: “O casamento ou a
união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo
qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.” (Emmanuel,
F.C. Xavier, Vida e sexo)
O casamento não é, pois, somente um contrato de compromisso jurídico,
mas, muito mais, um contrato espiritual de consciência para consciência, de
coração para coração, onde surgem compromissos mútuos: materiais, afetivos,
morais, espirituais e cármicos, determinando responsabilidades intransferíveis
de apoio mútuo.
A responsabilidade conjugal não se resume simplesmente em adquirir um
título de mulher e de marido, de mãe e de pai, mas, muito mais, o
desenvolvimento da compreensão precisa, do desejo sincero e do esforço
constante para cumprir da melhor maneira possível os compromissos individuais,
visando a um fim único, que é a sustentação da união para a felicidade mútua
dos cônjuges e, conseqüentemente, a dos filhos. Responsabilidade quer dizer
também que, se não cumprirmos com a parte de nossos deveres, teremos que
responder, mais cedo ou mais tarde, perante a Justiça Divina, por todos os
prejuízos que provocarmos no parceiro ou na parceira, em virtude de nossa
falsidade sentimental, frieza, leviandade, crueldade e abandono. Emmanuel nos mostra
a gravidade da responsabilidade na união afetiva: “Imperioso, porém, que a
ligação se baseie na responsabilidade recíproca, de vez que na comunhão sexual
um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso mesmo, não deve haver
qualquer desconsideração entre si.” (Emmanuel, F.C. Xavier, Vida e sexo)
2. Simbiose de
forças sexuais (André Luiz / F.C. Xavier, Ação e Reação)
A união matrimonial não está unindo somente dois corpos, duas estruturas
de carne e ossos, mas em realidade duas almas, dois Espíritos com personalidades
próprias, dois mundos psicológicos diferentes. É o Espírito que comanda o corpo
e é nele que reside toda a afetividade, toda a sensibilidade e estrutura
psicológica. A atração entre duas criaturas é, acima de tudo, a atração entre
duas almas, com base nos valores culturais, morais, sentimentais e espirituais.
A sexualidade entre os cônjuges não se restringe ao contato corpo a
corpo, com os prazeres que daí decorrem, pois ela se apresenta também nas
manifestações sutis da alma, ainda imperceptíveis para a quase totalidade da
Humanidade. Emmanuel nos lembra a figura evangélica, quando fala que no
casamento os cônjuges passam a habitar um só corpo: “Quando o homem e a mulher
se confiam um ao outro, pelos vínculos sexuais, essa rendição é tão absoluta
que passam, praticamente, a viver numa simbiose de forças, qual se as duas
almas habitassem num só corpo.” (Emmanuel, F.C. Xavier, Vida e sexo)
3. Compromisso sexual e alimento magnético (André Luiz / F.C.
Xavier, Ação e Reação)
O compromisso sexual entre os cônjuges não se limita unicamente à prática
sexual fisiológica, pois outros valores que expressam também sexualidade são
indispensáveis, na esfera do Espírito, para complementação e sustentação da
alegria na união conjugal. A sexualidade no casal não é somente a troca de
elementos sexuais físicos mas, muito mais, a permuta do alimento magnético, que
nasce das forças desconhecidas da alma, funcionando num circuito de forças. Em
virtude deste vínculo magnético é que nasce a grande responsabilidade do parceiro
ou da parceira, na permanente manutenção, não somente do instinto sexual
satisfeito, mas também a doação dos valores mais altos do sentimento, que
constitui o alimento básico para que os cônjuges possam continuar espiritualmente
fortes, na execução de seus deveres matrimoniais, familiares, educacionais,
profissionais e religiosos. Para tanto, é indispensável a vigilância interior de
ambos, a fim de não prejudicar o equilíbrio emotivo do companheiro ou da companheira.
Emmanuel nos fala da importância do alimento magnético: “A sexualidade no casal
existe, sobretudo, em função de alimento magnético entre os dois corações que
se integram um no outro e daí procede a necessidade de vigilância para que a
harmonia não se perca, nesse circuito de forças.” (Emmanuel, F.C. Xavier, Vida
e sexo)
4. União sexual
fisiológica e sexualidade espiritual (André Luiz / F.C. Xavier, Ação e Reação)
Imprescindível se torna aos cônjuges cuidar da regularidade da união
sexual fisiológica, mas muito mais deve
ser cuidada a sua sexualidade espiritual, pois esta é que é a usina mantenedora
da união matrimonial, sendo a reunião dos corpos apenas uma complementação e
não o fator básico da união. Se a perfeita normalidade sexual fosse o fator
fundamental da união, não poderia haver separação e crescimento de antipatia entre
casais, depois de muitos anos de atividade sexual normal, satisfazendo as necessidades
do instinto sexual e a complementação da sede afetiva. Neste caso houve união
de corpos, mas não de corações. Quando na união conjugal o fator básico é a
relação sexual fisiológica, desprezando o desenvolvimento da permuta de
vibrações psíquicas harmoniosas, é sinal de que essa união terá sempre
problemas de relacionamento, surgirão a insatisfação, o desencanto e o
desalento, e ela poderá vir a ser desfeita com o tempo. O amor não está
limitado ao instinto sexual satisfeito. A relação sexual, por si só, une corpos
e desejos, mas não funde almas, dentro da lei de simpatia. O perfeito
ajustamento sexual entre os cônjuges, antes de tudo, nasce do cultivo de vibrações
simpáticas mútuas em todas as suas realizações, seja no lar ou fora dele. Não queremos
dizer que, com o desenvolvimento da permuta dos recursos psíquicos harmoniosos
entre o casal, se esteja decretando a diminuição ou a ausência da relação sexual.
Não. O que vai acontecer é que as alegrias entre o casal, não se limitando ao prazer
rápido do instinto sexual regularizado, encontrará fontes de prazer muito mais belas,
profundas e intensas, no reino infinito do Espírito. As relações sexuais permanecem,
mas sustentadas, iluminadas e fortalecidas pelas vibrações magnéticas equilibradas
e reconfortadoras dos cônjuges.
5. Lei Divina
Material e Lei Divina Moral. Instinto sexual e amor (André Luiz / F.C.
Xavier, Ação e Reação)
Meditemos nas palavras esclarecedoras do Codificador Allan Kardec, quando
nos instrui sobre as duas leis que devem reger a vida matrimonial: “(...) na
união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres, há outra
lei divina imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.
Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos
da alma (...)“. (02.22) Para a felicidade conjugal, é indispensável observar
estas duas leis: a do instinto sexual e a do amor. A primeira é poderosa e
muito forte em todas as pessoas, e, além disso, sua atividade é comum e fácil,
pois rege a união dos corpos; a segunda já não está no corpo, não é instintiva
e se encontra no Espírito. A primeira necessita da utilização dos órgãos genésicos,
a segunda necessita do órgão da alma: o coração. O cumprimento consciente,
equilibrado e harmonioso dessas duas leis pelos cônjuges é que vai decretar uma
vida matrimonial profunda, eficaz, ativa, produtiva, alegre, atuante e
progressista, dentro e fora do lar.
6. Abandono da
sustentação sexual fisiopsíquica (André Luiz / F.C. Xavier, No mundo
maior)
A lei do instinto sexual não deve ser desprezada pelos cônjuges, em
momento algum, nem mesmo sob a alegação de que se deseja o aprimoramento
espiritual, salvo em casos especiais de entendimento recíproco. Afora isso, o
homem e a mulher que, tomados do ideal de sublimação imediata do sexo,
abandonarem a sustentação sexual fisiopsíquica do parceiro, estarão cometendo
também infidelidade na comunhão sexual, responsabilizando-se pelas ocorrências
funestas que daí poderão advir para com o cônjuge prejudicado. O Espírito Maia
de Lacerda, em uma belíssima mensagem no livro “Seareiros de Volta” nos
adverte: “Aceitando obrigações de sustento recíproco, na esfera da harmonização
sexual, não dispõem do direito de abandonar os companheiros ou companheiras,
sem o pão do estímulo psíquico que lhes garante a euforia e lhes tonifica as
forças, sob o pretexto de nobilitação em virtudes carentes de base por manifestadas
em diretrizes inconvenientes e prematuras, na condição evolutiva em que se
encontra.” (Espíritos Diversos / Waldo Vieira , Seareiros de volta)
O admirável apóstolo Paulo, também dissertando sobre os deveres dos cônjuges, em
sua primeira carta aos Coríntios, assim nos fala com clareza: “Não vos recuseis
um ao outro, a não ser por consentimento mútuo, a fim de vos entregardes à
oração; depois ajuntai-vos outra vez para que Satanás não vos tente pela vossa
incontinência” (I Coríntios., 7:5.)
7. Comportamento
sexual dos cônjuges e ambiente espiritual(André Luiz / F.C. Xavier, Ação e Reação)
O homem e a mulher são livres para ter o comportamento sexual que lhes
aprouver no leito conjugal, mas estão sujeitos às leis morais e espirituais,
como qualquer tipo de relação amorosa na Terra. Apesar de casados legalmente,
não há privilégios, nem proteção espiritual automática para suas relações mais
íntimas, O apóstolo Paulo em
sua Epístola aos Hebreus, 12:1, nos diz: “Estamos rodeados
por uma grande nuvem de testemunhas.” Temos a nossa volta as Companhias
espirituais que atraímos em função do que pensamos, sentimos, desejamos,
falamos e agimos. Nem as relações sexuais dos cônjuges estão livres
necessariamente da presença dos Espíritos, sejam eles inferiores ou elevados.
Pierrakos também nos ensina que “a experiência erótica muitas vezes se
mistura com o impulso sexual, mas nem sempre as coisas ocorrem desse modo.
Essas três forças - amor, eros e sexo - freqüentemente aparecem completamente
separadas, ao passo que às vezes duas se misturam, como eros e sexo; ou sexo e
amor até o ponto em que a alma é capaz de amar; ou sexo e uma aparência de
amor. Somente no caso ideal as três forças se fundem harmoniosamente. Outra
combinação freqüente, especialmente em relacionamentos longos, é a coexistência
do amor verdadeiro, com sexo, mas sem eros. Embora o amor não possa ser
perfeito se as três forças não se fundirem, há uma certa quantidade de afeição,
companheirismo, ternura, respeito mútuo e um relacionamento sexual que de fato
é puramente sexual, desprovido de centelha erótica, a qual se evaporou há algum
tempo. É certo que, na falta de eros, o relacionamento sexual se desgasta. É
este, meu amigo, o problema da maioria dos casamentos. É difícil existir um ser
humano que não fique confuso ao defrontar-se com a questão de qual atitude
tomar, num relacionamento, para que se mantenha a chama que parece querer
extinguir-se na medida em que se instalam entre os parceiros o hábito e a
familiaridade. Pode acontecer que você não tenha posto a questão em termos de
três forças distintas, mas você sabe e sente que algo do casamento se dissipa,
algo que estava presente no início; na verdade, essa centelha é eros. Você está
num círculo vicioso e considera o casamento uma proposição sem esperança. Não,
meu amigo, não é, mesmo se você ainda não pôde alcançar o ideal. Na parceria
ideal do amor entre duas pessoas, as três forças devem estar representadas. Com
o amor, parece não haver muita dificuldade, pois na maioria dos casos uma
pessoa não se casaria se não existisse pelo menos o desejo de amar. Não
discutirei aqui os casos extremos em que não é isso o que acontece. Dirijo
minha atenção a um relacionamento em que a escolha é madura e todavia os
parceiros não conseguem evitar a armadilha de se deixarem envolver pelo tempo e
pelo hábito, porque eros, esquivo, dissipou-se. A mesma coisa acontece com o
sexo. A força do sexo está presente na maioria dos seres humanos saudáveis e
pode começar a desaparecer - especialmente nas mulheres - depois de eros se
retirar. Os homens podem então procurar eros em outro lugar. A menos que eros
seja mantido, o relacionamento sexual deve sofrer. Como se pode conservar eros?
Esta é a grande questão, meus caros. Somente se pode conservar eros se o mesmo
for usado como uma ponte para a verdadeira parceria no amor, tomado este no seu
sentido mais elevado. Como se faz isso? Procuremos primeiramente o elemento
principal da força erótica. Ao analisar essa força, você descobre que é a
aventura, a busca do conhecimento da outra alma. Este desejo está em cada
espírito criado. A força de vida inerente deve finalmente puxar a entidade para
fora de seu estado de separação. Eros reforça a curiosidade de conhecer o outro
ser. Enquanto houver algo novo a descobrir na outra alma e enquanto você
revelar a si mesmo, eros viverá. No momento em que você passa a acreditar que
descobriu tudo o que pode ser descoberto e que revelou tudo o que há a ser
revelado, eros desaparecerá. Com eros, tudo é simples assim. Seu grande erro
consiste em acreditar que há um limite quanto à revelação de qualquer alma, da
sua ou da de outro. Depois de revelar-se até certo ponto, em geral um ponto
bastante superficial, você nutre a impressão de que isso é tudo e acaba se
acomodando a uma vida sossegada, sem empreender nenhuma outra busca. Eros o
trouxe até esse ponto com seu forte impacto. Mas depois desse ponto, sua
vontade de descer às profundezas ilimitadas da outra pessoa e seu desejo de
revelar e compartilhar voluntariamente sua própria busca interior definem se
você utilizou eros como uma ponte para o amor. Isto, por sua vez, é sempre
definido por sua vontade de aprender a amar. É Somente assim que você pode
manter a centelha de eros em seu amor. É somente desse modo que você pode
continuar buscando o outro e permitir que você também seja encontrado. Não há
limites, pois a alma é infinita e eterna: uma existência toda é insuficiente
para conhecê-la. Não existe um ponto em que você pode dizer que conhece a outra
alma totalmente nem em que é conhecido inteiramente. A alma está viva, e nada
do que está vivo é estático. Ela tem a capacidade de revelar até mesmo as
camadas mais profundas que existem. Pela sua própria natureza, ela também está
em constante mudança e movimento, como acontece com tudo o que é espiritual.
Espírito significa vida e vida significa mudança. Por ser espírito, a alma
jamais pode ser conhecida totalmente. Se as pessoas fossem sábias, perceberiam
isso e transformariam o casamento na jornada maravilhosa que deveria ser, em
vez de simplesmente serem levadas , até onde o são pelo primeiro impulso de
eros. Você deve utilizar essa força de eros como um impulso inicial, e através
dele encontrar o estímulo de prosseguir por seu próprio alento. Então você terá
atraído eros para o verdadeiro amor do casamento. Meu caro, digo-lhe uma vez
mais: procure compreender a importância do princípio erótico na sua vida. Ele
pode ajudar muitos que talvez não tenham a disposição e a preparação para a
experiência do amor. É o que você chama de "apaixonar-se", ou de "romance".
Através de eros, a pessoa pode sentir o sabor do amor ideal. Como disse antes,
muitos utilizam essa sensação de felicidade de modo descuidado e voraz, nunca
passando o limiar que conduz ao amor verdadeiro. O amor verdadeiro exige muito
mais das pessoas num sentido espiritual. Se elas não cumprem as exigências
impostas, perdem de vista o objetivo pelo qual sua alma luta. Este extremo de
ir em busca do romance é tão errôneo quanto o outro, no qual nem mesmo a força
poderosa de eros consegue passar pela porta trancada. Mas, na maioria dos
casos, quando a porta não está totalmente fechada, eros se aproxima de você em
certas fases de sua vida. Depende de você usar eros como uma ponte para o amor.
Depende do seu desenvolvimento, da sua disposição, da sua coragem, da sua
humildade e da sua habilidade de revelar-se a si mesmo”.
Fim