Introdução
É muito comum
dizermos para nós mesmos que estamos cansados de errar, sofrer para depois repetir
os mesmos erros, sem conseguir mudar esta situação. Discutem-se a seguir sobre as
causas do erro, a sua correção e os fatores que contribuem para a sua continuidade;
além disso, são dadas dicas sobre como podemos ser bem sucedidos para sair
desta situação.
Causas e continuidade dos nossos erros
Muitas vezes nós
erramos, mas não conseguimos nos corrigir, porque estamos programados mentalmente
para fazer, consciente e inconscientemente, muitas coisas erradas. É claro que
depois de errar, sofreremos as devidas consequências dos erros cometidos. Com o
tempo, poderemos nos arrepender das coisas erradas que fizemos, mas mesmo
assim, ainda podemos ter uma enorme dificuldade para não recair no mesmo erro.
Muitas vezes nós
agimos como se fossemos robôs, comandados por rotinas mentais pré-estabelecidas,
estando nós conscientes disto ou não. Estas rotinas mentais podem se
transformar em vontades, atitudes e hábitos. Estes hábitos podem se transformar
em vícios ou virtudes, dependendo das intenções específicas embutidas nestas
rotinas mentais. Deste modo, estamos programados psiquicamente para fazer
coisas tais como raciocinar, perceber as coisas, pensar, dirigir o carro, andar
de bicicleta, nadar, falar diferentes idiomas, nos comportar desta ou daquela
maneira, reagir desta ou daquela forma, tomar decisões, etc.
Em nosso mundo
psíquico (consciente, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo) estão
armazenados: o instinto de conservação, tendências, memórias de personalidades
passadas e presente, soma e interação de agregados psíquicos, complexos
psíquicos, preferências, idealizações, condicionamentos, negatividades,
máscaras e imagens mentais diversas. Na prática, porém, nós tomamos consciência
dos universos externo e interno através do ego (centro da consciência; nosso
raciocínio, percepção e pensamentos). O grau de acerto de nossas ações e
reações resultantes destas tomadas de consciência depende do quanto nosso ego
está livre de negatividades e máscaras, de modo que possamos compreender a
realidade em lugar de compreender somente as aparências.
Quando julgamos
a nós mesmos e os nossos semelhantes, estamos, em realidade, julgando a
projeção de aspectos imperfeitos do próprio ego, sem enxergar a perfeição que
existe na natureza. Aquilo que vemos de imperfeito, impuro ou sombra nos seres
e nas coisas, representa aquilo de imperfeito, impuro ou sombra que existe em
nosso ego. Podemos ter uma boa ideia do grau evolutivo de nossa consciência,
analisando nossas ações e reações físicas, emocionais e mentais, ao tomarmos
consciência das situações, coisas e seres existentes nos universos externo e
interno. Assim, recomenda-se fazer uma cuidadosa análise destas ações e reações
para reconhecimento de regiões impuras de nossa consciência que nos impedem de conhecer
a Verdade.
Como podemos sair desta situação com sucesso
A primeira coisa
que devemos fazer é manter uma atitude de calma e despreocupação, porém, sempre
estando firmemente comprometidos perante nossa consciência superior, de nos
esforçarmos para corrigir definitivamente os nossos erros. Para isso, é
necessário confiar em si mesmo e na ajuda espiritual sempre presente, para não
desanimar em face de novos fracassos.
Depois, devemos,
sinceramente, reconhecer os prejuízos e as consequências danosas causadas pelos
erros cometidos. Se tivermos dúvidas sobre o que está certo ou errado, podemos
usar as peneiras da bondade, verdade e utilidade. Tudo que não passar nas três
peneiras pode ser fonte de mal, ignorância, estagnação espiritual e,
consequentemente, de dores e sofrimento. Lembremo-nos de que o bem que deixamos
de fazer também é um mal. Se for necessário, peçamos ajuda especializada ou
busquemos informações que nos auxiliem para avaliar corretamente as ações ou
reações que resultaram no erro de modo que possamos compreender adequadamente e
integralmente a situação;
Em seguida, devemos reconhecer que existem negatividades
e máscaras em nosso ego as quais impedem o nosso avanço evolutivo, para depois
tentar modificá-las, evitando assim a repetição dos mesmos erros. Assim, devemos
reconhecer a existência de tendências, predisposições e inclinações negativas
em nosso ego, sem, entretanto, nos identificarmos com tais negatividades. As
máscaras e negatividades que existem em nosso ego são temporárias e totalmente
sujeitas a transformações usando a força do amor, da vontade e da persistência
para mudar.
Psicologicamente,
a essência Divina que somos nos convida para colocarmos a mente a serviço do Eu
Real, do Self, Centro do Psiquismo Total. O ego, por sua vez, luta para não
perder o seu poder, entrando em disputas externas, desequilibrando nosso mundo
interior. O equilíbrio necessário entre o ego e o Eu Real é restabelecido pelo
amor. A harmonia e paz interior dependem do equilíbrio entre o ego e o Self,
isto é, dependem de que o Eu Real tenha o ego a seu serviço e dirija a função
psíquica central da consciência para propósitos alinhados com o Espírito
(Novaes, 2001).
A mensagem cristã
serve para o mundo psíquico sempre que percebemos que a exclusividade do ego é
fator de desequilíbrio. Perceber os propósitos do Self é garantia de seguir no
rumo certo. O ego e o Self devem estar sintonizados a serviço do Espírito,
verdadeiro piloto da mente. Quando o Espírito toma a decisão de se orientar
pela onda da paz e do amor, o Self estabelece princípios de organização e
direção voltados para o Bem, restando ao ego acostumar-se à nova ordem interna
vigente. Inicialmente haverá o conflito entre os desejos do ego e as
orientações do Self, mas à medida que os embates das experiências externas
reduzirem o poder do ego, os objetivos essenciais começarão a ser alcançados
(Novaes, 2001).
Nós somos seres
espirituais, imortais e o nosso ego é apenas uma estrutura temporária em nossa
mente. Assim, torna-se extremamente importante conhecer como funcionam as
programações psíquicas, conscientes e principalmente as inconscientes, para
podermos transformá-las, utilizando a energia do amor. Quanto mais sucesso nós
tivermos na transformação do material psíquico inconsciente em material
consciente, e consequentemente, em reorientar os reflexos defeituosos do
material inconsciente, mais próximo nós chegamos à realidade do Princípio de
Vida Universal dentro de nós. Este Princípio fica então mais livre para
revelar-se, nos libertando dos medos, da vergonha e dos preconceitos.
Não é possível eliminar
os sentimentos egóicos simplesmente usando as forças de vontade e mental. A
transformação da polaridade dos complexos egóicos, de negativa para positiva, é
realizada utilizando-se sentimentos derivados do amor, energia mais sublime e
mais poderosa do universo, originada no Eu Real. Assim, o autoconhecimento, a
autoaceitação e o autoperdão da realidade temporária do ego têm o poder de nos
libertar das amarras energéticas dos sentimentos que interferem negativamente
em nossa vida. Porém, é sempre importante lembrar que:
- Nós não somos
o ego, mas temos um ego. Não podemos confundir o ser que somos com o ter,
estar, gostar, ficar, fazer, etc., os quais são transitórios, assim como a
nossa autoimagem idealizada e o próprio ego;
- O ego não tem
existência real porque ele representa apenas um estado evolutivo do espírito em
que as negatividades e máscaras são, na realidade, ausências de valores, da
mesma forma que o frio é ausência de calor e a escuridão é ausência de luz;
- A consciência
das negatividades e máscaras do ego permite iniciarmos o processo de
transformação do ego, através da desidentificação do Eu Real com o ego, pela
vivência de valores contrários aos do ego;
- É necessário se
esforçar constantemente para vivenciar bons pensamentos, sentimentos, atitudes
e hábitos;
- A meditação frequente
permite alcançarmos níveis superiores de consciência de modo que sempre estejamos
sintonizados a vibrações de sabedoria, força moral, serenidade e esperança;
- Todos os
espíritos, encarnados ou desencarnados, com os quais nos sintonizamos
vibratoriamente, poderão interferir positivamente em nosso processo de autocorreção
somente se estas vibrações vierem de fontes tais como sabedoria, amor e
caridade. Nós somos influenciados, e ao mesmo tempo, influenciamos outros
espíritos, através dos pensamentos, emoções e atitudes com os quais, consciente
ou inconscientemente, nos identificamos vibratoriamente.
Para auxiliar no
processo de autocorreção, pode-se praticar o Método dos 12 passos para ser bem sucedido na vida, sugerido por Oliveira
(1998), conforme seguem:
1 – Definição do nosso foco de interesse;
2 – Desejo de
atingir o foco;
3 – Manifestação da vontade;
4 – Mudança de
pensamento;
5 – Novas
crenças;
6 – Novas
expectativas;
7 – Novas atitudes;
8 – Persistência nas novas atitudes;
9 – Novos
hábitos;
10 – Novos
comportamentos;
11 – Novos desempenhos;
12 – SUCESSO
(atingir o foco).
De acordo com Oliveira
(1998), precisamos seguir apenas os quatro passos escritos em negrito (passos 1,
3, 7 e 8), porque os demais se realizarão automaticamente. Definindo o FOCO de
interesse, o DESEJO naturalmente se manifestará, mas a vontade de satisfazer nosso
desejo dependerá exclusivamente de nós. Permitindo que a VONTADE se manifeste,
naturalmente nossos PENSAMENTOS mudarão. Mudando nossos pensamentos,
naturalmente passaremos a ter NOVAS CRENÇAS. Adquirindo novas crenças,
naturalmente teremos NOVAS EXPECTATIVAS. Ter novas expectativas, no entanto,
não significa que naturalmente nós passaremos a ter novas atitudes. Eis que
chegamos a um ponto crítico: nós teremos de ter novas atitudes e persistir nestas
novas atitudes, pois, se simplesmente tivermos novas atitudes sem persistência,
nós não atingiremos o próximo passo. Tendo NOVAS ATITUDES e PERSISTINDO nelas, nós
vamos naturalmente adquirir novos hábitos. Adquirindo NOVOS HÁBITOS,
naturalmente passaremos a ter novos comportamentos. Adquirindo NOVOS
COMPORTAMENTOS, naturalmente teremos novos desempenhos. Tendo NOVOS
DESEMPENHOS, naturalmente alcançaremos o SUCESSO. Não nos esqueçamos, portanto,
da importância de definir o FOCO da manifestação, da VONTADE, das NOVAS
ATITUDES e da PERSISTÊNCIA porque assim agindo, tudo o mais virá por acréscimo.
E mais importante que tudo, devemos
sempre colocar, em todos os passos do processo de autocorreção, sentimentos
profundos de AMOR, direcionados para si mesmo, para todos e para tudo.
Bibliografia
OLIVEIRA, A.Viver bem é simples, nós é que complicamos,
Editora Didier: Votuporanga, 1998, 112p.
NOVAES, A.M.F. Psicologia do evangelho. Fundação Lar
Harmonia: Salvador, 2001, 176p.