sábado, 23 de março de 2013

FELICIDADE: DESTINO, MERECIMENTO, SORTE, ACASO, META OU CAMINHO?


            Introdução
Muitas vezes desejamos encontrar respostas corretas para importantes questões existenciais relacionadas à nossa felicidade. Gostaríamos de saber, por exemplo, se nossa felicidade é resultado do destino, do merecimento, da sorte, do acaso, da meta ou do caminho escolhido. Para isso, a razão, a lógica, o bom senso e a intuição podem e devem ser usadas para obtenção de respostas que nos tragam equilíbrio, conforto, esperança, motivação, serenidade, força e sabedoria para prosseguirmos na luta do dia-a-dia.
Em alguma dimensão do espaço e tempo fomos criados individualmente, dotados de inteligência, livre-arbítrio e consciência. Cada um de nós é um ser único, especial, diferente dos outros, com talentos, defeitos e qualidades peculiares. A atual situação e condição de ser e ter resulta, exclusivamente, de escolhas feitas ao longo de nosso caminho evolutivo. Portanto, não tem lógica nos compararmos a outros seres porque, dependendo do caso, podemos nos colocar abaixo ou acima dos outros. Em qualquer dessas situações o resultado será ruim porque estaremos nos considerando seres superiores ou inferiores.
Todos nós viemos sozinhos e também partiremos sozinhos deste mundo. Assim, devemos nos conscientizar o quanto antes, que temos a obrigação de resolver os nossos próprios problemas, não significando, entretanto, que não podemos ser ajudados no aprendizado de nossas lições de vida. O passado não pode ser mudado e o futuro é incerto, mas temos a liberdade de escolher e mudar agora e para melhor o nosso destino na vida.
Barbara Axt em A busca da felicidade (acesse o artigo original em http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_376784.shtml) nos relata que nas últimas décadas, apareceram muitas evidências de que nós tendemos a manter um "nível de felicidade" constante ao longo de nossas vidas – e nem mesmo grandes acontecimentos tais como casamento ou prêmio da loteria, parecem ser capazes de alterar bruscamente esse nível. Esses grandes acontecimentos, conforme explica Barbara, podem nos trazer picos de alegria e felicidade, mas dentro poucos meses ou anos, retorna-se ao nível anterior de felicidade. Outros grandes acontecimentos tais como perdas de parentes, fortuna, amigos, etc., ao contrário dos anteriores, podem nos trazer picos de tristeza e infelicidade, mas que com o passar do tempo, também retorna-se ao nível anterior de felicidade.
Para melhoramos o nosso atual nível ou patamar de felicidade citado por Barbara, é necessário que aconteçam mudanças conscienciais, as quais refletirão em nossas ações e reações mentais, emocionais e atitudes perante a vida tais como aceitação da realidade, espiritualização, transformação de uma consciência individualista para universalista e ressignificação de crenças limitadoras.
Com o intuito facilitar nossas mudanças conscienciais, particularmente em relação a  ressignificação de crenças limitadoras as quais dificultam nossa evolução e nos impedem de sermos mais felizes, propõem-se algumas importantes perguntas, assim como as suas respectivas respostas. As reflexões sobre as perguntas e respostas propostas permitirão identificar problemas e soluções de modo que saibamos o que mudar para melhorar nossas vidas. Não é tarefa fácil mudar hábitos limitadores, adquiridos ao longo do tempo nesta ou noutras encarnações, porque já nos acostumamos com os vícios e defeitos retroalimentados. A ressignificação de crenças limitadoras exige vontade e decisão firmes para sermos bem sucedidos em eliminar vícios, desenvolver virtudes, evitar a prática do mal e praticar o bem. A respectiva pergunta é: Qual é a coisa mais importante de nossa vida?

Qual é a coisa mais importante de nossa vida?
Certamente é viver, mas para que, por que e como devemos viver? As respectivas perguntas em detalhes são: Qual é a finalidade maior da vida? Por que estamos aqui? Como viver bem, corretamente, conscientemente, responsavelmente, honestamente e inteligentemente?

Qual é a finalidade maior da vida?
A finalidade maior da vida é a evolução de todos e de tudo de modo que Deus encontre a Si mesmo através de todos e de tudo. Conscientemente (escolha) ou não, a meta, desejo ou objetivo de todos os seres é atingir um estado consciencial relativo, correspondente à fase evolutiva alcançada, denominado de felicidade, no qual obtemos relativa satisfação em todos os níveis existenciais. As próximas perguntas são: Que é evolução? Que é Deus?

Que é evolução?
É o processo gradativo de transformação nos níveis físico, emocional, mental e espiritual, da matéria ao espírito, do simples ao complexo, do homogêneo ao heterogêneo, da unidade à multiplicidade, do inconsciente ao superconsciente.

Que é Deus?
Deus é. Alguns dos Seus atributos podem ser: inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas; onipotência, onisciência e onipresença; eterno e único; está no centro de tudo e tudo vem Dele e tudo vai para Ele. A respectiva pergunta seria: Quais são as Leis Divinas?

Quais são as Leis Divinas?
            As Leis Divinas são eternas e funcionam perfeitamente. Tudo que existe e todos os seres do Universo estão conectados espiritualmente. Quando procuramos a nossa essência Divina encontramos todas as coisas e todos os seres porque, em essência, somos todos iguais e temos origem comum. A diversidade é aparente. A unidade que existe na diversidade dimensional é manifestação de Deus. O conhecimento da mecânica das Leis Divinas é muito importante para que, conscientemente, as respeitemos e assim evitemos possíveis dores e sofrimentos.
Conforme SANTOS (2013), a tomada de consciência é o início de nossa imensa jornada de descobertas dos mistérios do Cosmos; e o conhecimento das leis que regulam esse universo é o primeiro passo para compreendermos o que é o Caminho (Conhecimento), o que é a Verdade (Criador) e finalmente o que é a Vida (nós, as Criaturas). SANTOS (2013) também descreve as seguintes Leis Universais:
"•          Lei da EVOLUÇÃO: é imperiosa em todo o Cosmo e nenhum ser escapa à sua ação transformadora, tanto na forma, como na essência.
          Lei da RELATIVIDADE: toda forma é relativa, toda essência é absoluta. Deus no plano absoluto é inacessível, imponderável, invisível; mas no plano relativo torna-se manifestado através dos universos materiais, tornando-se objetivo, ponderável, visível.
          Lei da ORDEM: é o equilíbrio universal absoluto resultante da perfeição e da harmonia do conjunto e da cada uma das partes em separado. O inverso disso seria o caos.
          Lei da UNIDADE: Deus é unidade, por isso é absoluto e uno; no plano relativo manifesta-se fragmentado de forma dupla ou trina. O homem é semelhante a Deus porque é  duplo e triplo : visível e invisível,  estável e transformável, mortal e imortal; é também triplo porque é espírito, energia e matéria.
          Lei das UNIDADES COLETIVAS: nada existe individualmente isolado, independente. Toda individualidade resulta de agregados de individualidades ainda menores e até o infinito negativo, sendo, ao mesmo tempo, parte integrante de individualidades maiores, que o são de outras ainda maiores e assim até o infinito positivo.
          Lei do TRANSFORMISMO: por esta lei toda a unidade do Universo se mantém inalterada, nada desaparecendo do Todo, mas unicamente se transformando através da evolução. O Espírito se transforma moralmente e mantém inalterada a sua essência.
          Lei do RITMO: o Universo todo funciona por meio de ritmos, desde os fenômenos astronômicos aos psíquicos, desde os químicos aos sociais. Tudo tem fluxo e refluxo.
          Lei da CAUSALIDADE: não o acaso, tudo está concatenado pelo princípio de causa e efeito. Acaso é somente aquilo cujas causas desconhecemos.
          Lei da POLARIDADE: tudo é duplo; tudo tem dois pólos. Tudo tem seus opostos e seus opostos são idênticos em natureza, porém diferentes no grau de vibração. Espírito e matéria são dois pólos opostos da mesma coisa; calor e frio, ódio e amor, masculino e feminino, perto e longe, luz e trevas, alto e baixo. Uma nota musical numa oitava abaixo é idêntica à mesma nota uma oitava acima, diferindo somente no grau vibratório.
          Lei de VIBRAÇÃO: nada está parado no universo. Tudo se move, tudo vibra. As diferenças entre as diversas manifestações da matéria, energia e espírito resultam das diferenças vibratórias.
          Lei do GÊNERO: o gênero está em tudo, manifestando-se em todos os planos. Tudo tem o seu princípio masculino e feminino, e isto se dá tanto no plano físico como no espiritual. No plano físico é o sexo, que é geração, no plano mental é regeneração, e no espiritual é criação.
          Lei do LIVRE ARBÍTRIO: só aplicável aos Espíritos encarnados e desencarnados; é o direito de ação individual pela liberdade com a recíproca da responsabilidade: é a ferramenta de ingresso na razão e na consciência. Seu uso ou abuso é que define a evolução ou a estagnação, o equilíbrio ou o desequilíbrio, a felicidade ou infelicidade dos Espíritos.
Sobre as leis secundárias temos uma série delas que complementam as primeiras nos casos específicos. São as chamadas manifestações morais das leis maiores e estão inter-relacionadas entre si:
          Lei do TRABALHO: lei que permite a produção, a sobrevivência e a realização de inúmeras necessidades individuais e coletivas;
          Lei de SOCIEDADE: compartilhar socialmente as experiências para a aprendizagem e a evolução.
          Lei da REENCARNAÇÃO: segundo a tradição oriental é a lei que permite o retorno aos mundos físicos para a realização de novas experiências. A renovação orgânica, pelas múltiplas existências, facilita a renovação espiritual.
          Lei da JUSTIÇA: é a expressão moral da lei de Causa e Efeito, também conhecida como lei do Carma;
          Lei de ADORAÇÃO: é a relação natural entre a criatura e o Criador, manifestada segundo a evolução dos seres.
          Lei de REPRODUÇÃO: são os recursos genésicos que garantem a perpetuação das espécies.
          Lei de CONSERVAÇÃO: a manutenção da integridade física e moral.
          Lei de DESTRUIÇÃO: é um recurso extremo, permitido pela própria necessidade de transformação.
          Lei do PROGRESSO: nada impede o progresso, pois é uma necessidade impulsionada pela transformação e evolução; no plano relativo nada é definitivo.
          Lei da IGUALDADE: as diferenças só ocorrem nas vibrações e não na essência; os seres são iguais perante a lei por isso são iguais em essência; a aplicação da lei lhes é diferente na medida em que são diferentes as suas necessidades e capacidades de compreensão.
          Lei de LIBERDADE: ser livre é atributo natural; o abuso da liberdade é que reduz e limita a sua atuação.
          Lei do AMOR; LEI DAS LEIS: Esta é a lei que resume todas as outras e que pode ser definida como um “sentimento” superior. É um sentimento espontâneo e esclarecido que impulsiona a criatura a ser útil ao próximo, auxiliando-a na sua evolução, visando, não somente o seu bem, mas o bem de toda a coletividade da qual faz parte. Todos os Iluminados que ensinaram a realidade das leis universais deram a ela um destaque especial, pois tinham plena consciência de que para ela não existem teorias, mas somente a exemplificação."
            As respectivas perguntas são: Que é Universo? Que (quem) somos?

Que é universo?
O universo que conhecemos, basicamente, é constituído de matéria, energia e espírito. O elemento intermediário existente entre a matéria e o espírito é denominado pela Doutrina Espírita de fluido universal (éter universal, primitivo ou elementar; fluido cósmico universal). O fluido universal é a substância elementar básica da matéria, da energia e do pensamento, permeando tudo o que existe no universo e conectando todas as coisas e seres, desde os espaços atômicos até os estelares. Este fluido também é o meio de propagação das ondas mentais. As ondas mentais têm propriedades parecidas com as da energia, conforme ensinado na física (por exemplo, vibração, freqüência, comprimento de onda, amplitude, quantidade de energia, tipos de energia, ressonância e sintonia), podendo apresentar efeitos semelhantes ao das ondas tais como reflexão, refração, interferência e ressonância (Pastorino, 1975).
O espírito, pela ação da vontade usa a sua mente, movimenta o fluido universal ao elaborar pensamentos, estabelecendo uma corrente fluídica (vibratória ou ondulatória), ligando-o a seres ou coisas, em qualquer dimensão. A energia dessa corrente é proporcional às forças da mente e da vontade. Desta forma, os pensamentos e sentimentos criados, nos ligam e nos prendem fluidicamente à seres, coisas, imagens, situações, emoções, ideais, medos, ressentimentos, lembranças, culpas ou esperanças, com as quais nos identificamos. A corrente mental estabelecida, modulada pela qualidade dos pensamentos, imagens ou idéias elaboradas, promove uma condensação (agregação) fluídica, criando pensamentos-forma ou imagens mentais representativas, as quais possuem as seguintes características: a) Tem vida e inteligência artificiais com propósitos gerais e específicos de atingir e realizar os desejos de seu emissor; b) Os pensamentos-forma elaborados buscam, incessantemente, energia na mente, para sua manutenção e crescimento, através de processo auto-obsessivo; c) As criações mentais continuam agindo, até a exaustão de suas energias, mesmo que o emissor não esteja consciente delas, ou que já não esteja mais alimentando essas criações energeticamente (pensando, concentrando ou meditando nelas); d) Os pensamentos-forma podem ser polarizados negativamente ou positivamente dependendo da qualidade ética, moral e espiritual de suas vibrações. A polarização positiva (vibrações de bondade, humildade, sinceridade, mansidão, harmonia, alegria, confiança, etc.) implica que os pensamentos-forma se originam no eu real, no amor, os quais promovem a evolução espiritual. A polarização negativa (vibrações de culpa, raiva, ressentimento, tristeza, preguiça, medo, etc.) implica que os pensamentos-forma provêm do ego, os quais promovem a estagnação espiritual.

Que (quem) somos?
Somos espíritos, seres imateriais, criados à imagem e semelhança de Deus, princípios inteligentes individualizados, princípios de consciência primordial ou essências Divinas. Sendo criados à imagem e semelhança de Deus nos torna cocriadores. O homem é a manifestação multidimensional do espírito através de corpos ou veículos. O Eu Real ou espírito utiliza esses veículos de manifestação para se relacionar nas diferentes dimensões em que atua.
O espírito aciona pelo pensamento os intrincados mecanismos da mente, atuando no corpo emocional e no corpo etérico ou no corpo físico, conforme a modulação das ondas mentais geradas na intimidade. Assim, pela mente, o ser plasma sua própria atmosfera e seus sentimentos, imprimindo em si mesmo o ego ou se expressa pela sabedoria e amor nos corpos mais sutis (Pinheiro, 2003).
A mente humana, normalmente, apresenta-se quase que totalmente envolvida pelo ego. Porém, frações da consciência do eu real podem ser despertas e utilizadas no processo simultâneo de transformação do ego e expansão da consciência no processo de autotransformação. A consciência da essência Divina em nossa mente, muitas vezes adormecida, é relativamente reduzida considerando-se o seu enorme potencial de expressão e manifestação. Entretanto, essa consciência maior sempre foi e será a real fonte superior e inesgotável de inspiração, vida, fé, inteligência, força, amor, sabedoria, paz, etc., que constantemente nos impulsiona para frente em nossa ascensão evolutiva. Essa pequena, mas significativa expressão do eu real em nossa consciência, que transcende em muito a mente, é o nosso principal guia no caminho da autotransformação.
O espírito, a cada reencarnação, desenvolve nova personalidade, que se inicia no nascimento e termina com a morte do corpo físico. Essa personalidade transitória é influenciada por diferentes fatores tais como época, cultura, sexo, inteligência, condicionamentos evolutivos específicos, relacionamento interpessoal e características herdadas de vidas anteriores. Assim, o ser humano, conscientemente ou não, dá continuidade à sua evolução material, intelectual, moral e espiritual. O processo de autotransformação permite acelerar a evolução do ser humano através da sua gradual identificação com o eu real e desidentificação do ego até que num determinado ponto aconteça a transcendência de sua consciência individualista para uma consciência universalista.
O objetivo da autotransformação é assumirmos conscientemente a nossa identidade real, o nosso eu real, sermos nós mesmos e não nos identificarmos com a ilusão do ego. A identificação com o eu real pode ser entendida como sendo um autodescobrimento. Essa identificação é algo difícil de imaginar porque sabemos praticamente nada sobre os veículos superiores de manifestação do homem. O importante, porém, é compreender que, na prática, identificar-se com o eu real é o mesmo que identificar-se com o amor, a harmonia, a sabedoria, a justiça, a serenidade, a força, a paz, a alegria, a felicidade, etc. O eu real percebe o universo através de si mesmo, ou seja, através de seus veículos de manifestação. Em nosso atual estado evolutivo, essa autopercepção depende do quanto a mente (consciência) está livre das influências do ego que a envolve. O espírito, através da mente, criou o ego por necessidades evolutivas, e, por essas mesmas razões deverá tranformá-lo para perceber-se em toda a sua plenitude.
Somos individualizações de princípio espiritual emanado de Deus. Entretanto, ainda não temos condições de compreender na totalidade qual é o significado disso porque não sabemos que é Deus, mas podemos dizer que “somos todos filhos de Deus”. O fato de sermos todos filhos de Deus tem uma repercussão muito grande na nossa vida pessoal, familiar e na sociedade. Podemos dizer então que somos todos irmãos, criados da mesma forma, sem distinção alguma, sem privilégio algum. Todos nós podemos cocriar qualquer coisa que quisermos, juntamente com Deus, uma vez que não é possível separar uma coisa de Outra. Juntamente com o poder da criação temos o poder do livre-arbítrio, isto é, o poder de escolhermos livremente tudo aquilo que queremos pensar, sentir e fazer. Temos o poder de criar o nosso próprio microuniverso.
Nosso poder e origem divina são confirmados no salmo de Davi 82:6: “Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo”. Na passagem de João 10:30, Jesus Cristo afirma que “Eu e o Pai somos um” e depois, em João 14:12 disse “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”.
As respectivas perguntas são: Qual é o significado de Eu Real e ego? Que é autotransformação?

Qual é o significado de Eu Real e ego?
A psicologia transpessoal nos fala da existência de duas estruturas em nosso psiquismo: uma, denominada Ego e outra, denominada de variadas formas tais como Self, Centro do Psiquismo Total, Eu Profundo, Eu Superior, Eu Real, Ser Essencial, Essência Divina, Imagem e Semelhança do Criador. O Ego é a camada de ignorância que envolve o Eu Real, onde ficam registradas todas as experiências equivocadas, nas quais não é colocado em prática o amor essencial, fruto da imperfeição e ignorância que ainda existem no homem. O ego é formado por duas faces: uma, evidente, caracterizada pelo desamor (ausência de amor) e outra, mascarada, autoimagem idealizada, criada pelo pseudo-amor. A psique humana pode então ser representada didaticamente como sendo formada por três esferas concêntricas (Cerqueira Filho, 2006). A camada mais interna representa o Eu Real, permeada pelo Amor. A intermediária e externa representam o Ego, sendo a primeira as negatividades do ego, permeada pelo desamor, e a segunda as máscaras do ego, permeada pelo pseudo-amor (veja mais informações sobre a psique humana no Quadro 1). Cada um desses aspectos da personalidade, conscientes ou inconscientes em graus diversos, contém muitos graus e estágios. É necessário pesquisar e compreender o modo como se sobrepõem, se neutralizam e se emaranham, assim como os seus efeitos colaterais e reações em cadeia. Quanto mais inconsciente formos de algum deles, maior conflito haverá em nossa vida e menos estaremos preparados para lidar com os desafios que surgirem. A consciência turva reduz a velocidade do processo de transformação, processo esse que tem por objetivo integrar nossas negatividades e máscaras ao Eu Real (Pierrakos, 2007). A respectiva pergunta é: Como se origina e evolui o ego?

Quadro 1. Psique humana em abordagem transpessoal (Cerqueira Filho, 2006)

Eu Real
Negatividades do Ego
Máscaras do Ego
É o Centro da Consciência onde estão fixadas todas as nossas características positivas e valores reais. É o nosso Eu Superior, Profundo, o “Self”, Ser Essencial, nosso lado luz, amoroso, bom e belo; é a Essência Divina que somos, onde estão todas as potencialidades em forma latente, que vão emergir e se desenvolver, aos poucos, quando nos identificarmos com Ela, até o estado de iluminação. Originam-se no Eu Real todos os sentimentos nobres tais como bondade, fraternidade, solidariedade, ética, compaixão, justiça, sinceridade, tolerância, amizade, autoestima, enfim, todos os valores que são derivados do Amor que o compõe. Eu Real é um campo de espiritual que pode estar expandido ou inibido, dependendo das camadas exteriores que compõem o Ego.
É a parte do ego onde ficam registrados todos os sentimentos que carecem de amor. Originam-se no desamor sentimentos tais como ódio, egoísmo, orgulho, revolta, raiva, mágoa, indisciplina, ressentimento, angústia, depressão, ansiedade, desespero, medo, pânico, violência, cólera, ciúme, etc. Todos estes sentimentos egóicos representam valores negativos transitórios que existirão enquanto não nos dispusermos a cultivar os sentimentos essenciais.
É a parte disfarçada e mascarada do ego que usa instrumentos de defesa e fuga. Origina-se no pseudo-amor, onde consciente ou inconscientemente, mascara as negatividades do Ego com sentimentos aparentemente positivos tais como euforia, autopiedade, perfeccionismo, pseudoperdão, martírio, puritanismo. Observando-se superficialmente os sentimentos mascarados, tem-se a impressão de que eles são reais, mas numa análise profunda, percebe-se que eles são falsos, que parecem reais, mas não são, pois continuam sendo um não–valor originado no pseudo-amor para encobrir sentimentos oriundos na ausência do amor. As máscaras podem impedir, quando vitalizadas, nosso contato mais profundo com o Eu Real, pois, ao parecer que cultivam os valores essenciais, cristalizam os sentimentos falsos e neuroses.

Como se origina e evolui o ego?
Na fase inicial da humanização, sob forte influência do instinto herdado do animal no processo evolutivo, devido às influências do corpo físico sobre o espírito, e para atender as necessidades materiais do instinto de conservação, o eu real utilizou a mente (psiquismo) para imprimir em nós mesmos o ego. Neste período evolutivo, nosso psiquismo era fortemente influenciado pelo instinto e o intelecto estava no início de seu desenvolvimento. Assim, negatividades tais como egoísmo, raiva, ódio, brutalidade e violência foram instrumentos úteis e indispensáveis para nossa defesa e sobrevivência num mundo primitivo onde imperava o “eu”. Nosso ego, entretanto, foi crescendo, tornando-se cada vez mais complexo, na medida em que nós, gradualmente, precisamos incluir a família, o grupo, o povo e a raça, em nosso psiquismo primitivo. Com o gradativo desenvolvimento e evolução do intelecto e do senso moral do espírito, da sociedade humana e das leis de convivência, fomos obrigados a reprimir, negar, bloquear ou esconder as negatividades do ego através de máscaras. No estágio evolutivo predominante nos dias atuais, nosso psiquismo está fortemente influenciado pelo intelecto e iniciando o desenvolvimento da intuição.
Em nosso psiquismo atual, portanto, existe uma soma e interação de agregados, complexos e automatismos psíquicos, criados pela mente nesta e em anteriores existências. O ego é uma espécie de robô psíquico, programado para usar negatividades e máscaras e tentar resistir através de recursos psicológicos às tentativas de mudanças em seus propósitos gerais e específicos. Este robô busca, incessantemente, canalizar energia da mente para fins de sobrevivência, crescimento e poderio, usando processos auto-obsessivos (idéias fixas, fascinação). Assim procedendo, o ego tenta ganhar cada vez mais importância em nossa consciência, através de estímulos mentais continuados para que nossos sentimentos e atitudes realizem as programações psíquicas já estabelecidas, escravizando e envolvendo cada vez mais o eu real em suas máscaras e negatividades.
A vida e inteligência artificiais do ego-robô viabilizam a execução e controle de atividades físicas, emocionais e mentais que realizamos automaticamente, inconscientemente. Essas atividades de controle podem ser tais como: dirigir a nossa vida, de modo geral; induzir-nos na identificação com as máscaras e negatividades do ego; fazer pensarmos que o ego é a nossa verdadeira identidade. Assim, torna-se extremamente importante conhecer como funcionam essas programações psíquicas, conscientes e principalmente as inconscientes, para podermos transformá-las, utilizando a energia do amor. Quanto mais sucesso nós tivermos na transformação do material psíquico inconsciente em material consciente, e consequentemente em reorientar os reflexos defeituosos do material inconsciente, mais próximo nós chegamos à realidade do Princípio de Vida Universal dentro de nós. Este Princípio fica então mais livre para revelar-se, nos libertando dos medos, da vergonha e dos preconceitos.
A autoimagem idealizada é a principal característica negativa do robô psíquico que nos impede de avançar na autotransformação porque acreditamos que precisamos dela para viver e ser feliz. Somente compreenderemos que essa não é a realidade quando nos conscientizarmos dos prejuízos causados por essa crença na nossa vida tais como ansiedade, frustração, depressão, sofrimento, dor, culpa, tristeza, desânimo, tensão, disfarce, baixa autoestima, etc. A diferença entre o eu verdadeiro e o idealizado não é uma questão de quantidade, mas de qualidade, isto é, a motivação original de ambos é diferente. Não é fácil perceber isso, mas à medida que reconhecermos as exigências, as contradições e as seqüências de causa e efeito, a diferença de motivação gradualmente se tornará clara. Outra observação importante é relativa ao elemento tempo. O eu idealizado quer ser perfeito, de acordo com suas exigências específicas, agora, neste exato momento. O verdadeiro eu sabe que não pode ser assim e não julga a situação angustiosa (Pierrakos, 2007).
Não é possível apagar os sentimentos egóicos simplesmente pela força de vontade e força mental. A transformação da polaridade dos complexos egóicos de negativa para positiva é realizada utilizando-se sentimentos derivados do amor, energia mais sublime e mais poderosa do universo, originada no eu real. Assim, o autoconhecimento, a autoaceitação e o autoperdão da realidade temporária do ego têm o poder de nos libertar das amarras energéticas dos sentimentos que interferem negativamente em nossa vida. A autotransformação, portanto, implica na gradual transformação dos sentimentos egóicos em sentimentos de amor. Porém, é sempre importante lembrar que:
- O eu real é imortal e utiliza a mente para manifestar-se e gerenciar os veículos inferiores de manifestação (emocional, etérico e físico);
- Nós não somos o ego, mas temos um ego, que é transitório, mutável, sujeito a modificações pela força do amor e da vontade do espírito. Não podemos confundir o ser que somos com o ter, estar, gostar, ficar, fazer, etc., os quais são transitórios, assim como a nossa autoimagem idealizada e o próprio ego;
- O ego não tem existência real porque ele representa apenas um estado evolutivo do espírito em que as negatividades e máscaras são, na realidade, ausências de valores, da mesma forma que o frio é ausência de calor e a escuridão é ausência de luz;
- A consciência das negatividades e máscaras do ego permite iniciarmos o processo de transformação do ego, através da desidentificação do eu real com o ego, pela vivência de valores contrários aos do ego;
- Todos os espíritos, encarnados ou desencarnados, com os quais nos sintonizamos vibratoriamente, conscientemente ou não, poderão interferir positivamente em nosso processo de autotransformação, caso essas vibrações venham de fontes tais como sabedoria, amor e caridade. Ao contrário disso, caso essas vibrações venham de fontes tais como ignorância, ódio e egoísmo, poderemos sofrer interferências negativas que dificultarão a nossa autotransformação. Nós somos influenciados, e ao mesmo tempo, influenciamos outros espíritos, através dos pensamentos e emoções os quais consciente ou inconscientemente nos sintonizamos vibratoriamente.

Que é autotransformação?
A autotransformação ou reforma íntima é um processo contínuo de expansão da consciência, mediante a transformação e integração do ego ao Eu Real, objetivando o aperfeiçoamento moral, ético e espiritual, eliminando vícios, transformando defeitos em virtudes, permitindo atingir o autodomínio e a praticar o bem com naturalidade. A vida, automaticamente, nos leva à reforma íntima pelo caminho da dor, sofrimento, autoanálise e convívio com o próximo. No entanto, é possível evitar muitas dores, sofrimentos, problemas e dissabores, caso optemos, conscientemente, pelo caminho da autotransformação.

Que é felicidade?
A felicidade é um estado consciencial relativo, correspondente à fase evolutiva alcançada, no qual obtemos relativa satisfação em todos os níveis existenciais (situações e condições de ser e ter). É mais importante, entretanto, ser do que ter, porque ser é uma aquisição permanente do espírito enquanto que ter é posse material temporária.
A felicidade deve ser compreendida como sendo um caminho escolhido e não como um objetivo a ser atingido. O usufruto desta felicidade depende, portanto, de como usamos nossa inteligência (emocional, intelectual e espiritual) para administrar a própria vida e os recursos disponíveis com equilíbrio, moderação e bom senso. Ao aceitarmos a felicidade como sendo o próprio caminho, passamos a aceitar naturalmente a realidade, sem os sofrimentos que poderiam advir da resistência em aceitar essa realidade. Na felicidade-caminho não ficamos presos ao passado ou futuro, mas estamos sempre vivendo um eterno presente, ou seja, um eterno vir-a-ser e não presos a um objeto e emoção transitórios sujeitos às modificações do tempo e espaço.
A felicidade resulta da soma dos efeitos da ação consciente, motivação para viver e satisfação material, conforme segue:
          Ação consciente: Prática de atividades que promovem a conscientização moral, de paz, de amor, do dever, de justiça, de fé, etc., ou seja, atividades que promovem a tranqüilidade de consciência tais como: trabalho profissional, emprego, esporte, lazer, arte, estudo, ciência, filosofia, religião, voluntariado, relacionamento humano, etc. De acordo com a lei de causa e efeito, toda atividade que promove o próprio bem ou o do seu próximo é, automaticamente, causa de felicidade. Por outro lado, toda atividade que promove prejuízos a si mesmo ou ao seu próximo, é causa de infelicidade. A ação consciente implica em sempre saber colocar sabedoria, amor e caridade nas atividades realizadas. Nosso destino (felicidade ou infelicidade) segue um processo natural e seqüencial de manifestação que se inicia em nossos pensamentos. Neste processo, os pensamentos, imagens mentais ou pensamentos-forma cultivados em nossa mente poderão despertar sentimentos ou vontades. Esses sentimentos ou vontades poderão gerar comportamentos e atitudes. Estes comportamentos e atitudes poderão se tornar hábitos. Os hábitos, por sua vez, constituirão a base de nosso caráter. E o nosso caráter, fatalmente, ditará nosso destino. Considerando-se o efetivo poder da mente na nossa felicidade, é recomendável realizar, conscientemente, todas as atividades da vida. A chave da ação consciente é, portanto, o constante amor, sabedoria, caridade, equilíbrio, bom senso e lógica no uso das energias físicas, intelectuais, emocionais, sexuais e instintivas.
          Motivação para viver: Existência de motivação real e significado profundo para viver, baseados na fé, verdade, lógica, intuição, esperança, moral e nos valores éticos. A motivação e significado profundo são obtidos, principalmente, através do autoconhecimento. O autoconhecimento promove a felicidade através do encontro consigo mesmo, com a própria essência divina, com o ser causal, com o eu maior, com o Self, com o eu profundo, etc.
          Satisfação material: Satisfação das necessidades básicas da vida tais como posse de coisas materiais, dinheiro, prazeres (alimentos, bebidas, namoro, sexo, diversão, lazer, etc.), saúde, prosperidade, êxito nos negócios e nas finanças, projeção social, repouso, segurança, moradia, vestuário, transporte, etc. O acesso a todas essas coisas pode ser importante e necessário, porém, deve-se ter cuidado com os excessos e com o apego exagerado à transitoriedade da matéria. Geralmente, todo excesso ou falta de alguma dessas coisas, isto é, o desequilíbrio, falta de bom senso ou de lógica no ser e no ter, pode ser a causa de problemas e de infelicidade. O importante nesse caso não é ser ou ter, mas saber ser e saber ter, ou seja, saber usar conscientemente, equilibradamente e sabiamente, os bens e as oportunidades emprestadas temporariamente a nós pela vida.

            Por que estamos aqui?

Estamos no Planeta Terra para continuarmos nossa evolução espiritual e para sermos felizes. A evolução espiritual do homem na Terra é apenas mais um dos estágios de sua caminhada infinita pelas dimensões espaço, tempo e consciência. A felicidade existe, sempre existiu e sempre vai existir no Eu Real, mas a autoconscientização dessa felicidade depende de nosso esforço individual.

Como viver bem, corretamente, conscientemente, responsavelmente, honestamente e inteligentemente?
Viver bem não é fácil porque exige esforço constante, determinação, persistência, motivação e boa vontade para fazermos nossa reforma íntima e a praticar o bem. Queiramos ou não, somos responsáveis por tudo aquilo que pensamos, sentimos e fazemos. Por exemplo, somos responsáveis pela atual situação crítica que vivemos na Terra por causa da destruição e má utilização dos recursos da natureza, extermínio de espécies da fauna e flora, poluição, violência, criminalidade, pobreza, fome, degradação moral, guerras, etc.
A solução dos problemas da Terra depende, principalmente, da nossa autotransformação moral. É necessário que nós desenvolvamos o nosso psiquismo individualista até transformá-lo numa consciência universalista. É urgente que nós nos espiritualizemos para vivenciar o amor, a sabedoria e a caridade tornando a felicidade uma realidade. A evolução do Planeta depende da transformação individual de todos, sem exceção. Cada um deve assumir a responsabilidade pela sua autotransformação independentemente da dos demais. Essa autotransformação consiste em crescer espiritualmente, buscando o aperfeiçoamento intelectual e moral, exercitando a fraternidade, aprendendo cada vez mais a amar, em sua mais ampla expressão, ainda que isso se dê vagarosamente. Essa reforma interior se refletirá depois em todos os campos da existência, no relacionamento com familiares, colegas de trabalho, amigos e inimigos e, ainda, nos meios em que se colabora desinteressadamente com serviços ao próximo. A transformação individual do homem é, portanto, a base da transformação de toda a humanidade. Na medida em que evoluímos, aumenta nossa satisfação interior, somos mais produtivos, mais criativos e mais felizes.
É muito comum ficarmos tristes, deprimidos, frustrados, desiludidos, infelizes, aflitos, etc. após cometermos um erro porque nos identificamos com o nosso ego. Será que podemos culpar a Deus e/ou o ego por esta situação? O ego é uma parte nossa que é ao mesmo tempo desconhecida, mas evidente. Ele é como se fosse o nosso filho adolescente. Nós não somos o nosso filho, mas temos que nos responsabilizar pelas coisas erradas que ele faz. A verdade é que nós não somos o ego, mas que temos um ego. O ego é fonte de negatividades e máscaras, mas felizmente ele é temporário e transformável, enquanto que o ser real que somos é imortal, perfeito, fonte de amor, paz, harmonia, felicidade, sabedoria, força, verdade, justiça. A relação entre nós e Deus e entre nós e nosso ego deve ser compreendida corretamente de modo que possamos fazer as pazes conosco mesmos para sermos mais felizes, mais criativos e mais produtivos. Errar é humano e natural, porém, aproveitar o erro para evoluir é prática de sabedoria, amor e caridade. Deus nos criou de modo que possamos manifestar o ser Divino que somos, dotados de consciência, livre-arbítrio e responsabilidade. Fomos criando ao longo de muitas reencarnações a nossa estrutura egóica atual utilizando o nosso livre-arbítrio, nossa força mental e nossa força de vontade. Diante disso, compreende-se que a responsabilidade pela atual situação de nosso ego é totalmente nossa.
Deixar o ego dirigir a nossa vida pode nos levar às ilusões, erros, insucessos, infelicidades, enfermidades, tristezas, baixas autoestima, vícios e muitas outras experiências negativas em nossa evolução espiritual. A responsabilidade pela criação do homem é de Deus, mas aquela pela administração, manutenção e transformação do nosso ego é nossa. Assim, não adianta culpar tanto a Deus quanto o ego pelos nossos fracassos e infelicidades. Devemos, portanto, compreender quais são os nossos atributos de origem Divina, aprender a utilizá-los corretamente e transformar o nosso ego para sermos mais felizes e melhor sucedidos, tanto materialmente quanto espiritualmente. Considerando que a solução dos nossos problemas está na autotransformação, então as respectivas perguntas seriam: Como fazer a autotransformação? Quais são as vantagens da autotransformação? Como chegamos a esta situação? Que podemos e devemos autotransformar? Quanto tempo vamos gastar? Quais são os requisitos para sermos bem sucedidos?

Como fazer a autotransformação?
Recomenda-se o Método das sete fases de autotransformação (pode-se acessá-lo clicando aqui: http://amigodejornada.blogspot.com.br/2013/03/metodo-das-sete-fases-de.html) como sendo um caminho para conscientização da Divindade. A autotransformação ou reforma íntima é um processo contínuo de expansão da consciência, mediante a transformação e integração do ego ao Eu Real, objetivando o aperfeiçoamento moral, ético e espiritual, eliminando vícios, transformando defeitos em virtudes, permitindo atingir o autodomínio e a praticar o bem com naturalidade. O caminho da autotransformação, naturalmente, nos direciona à união consciente com Deus, ao autodescobrimento, à ser Um com Deus.

Quais são as vantagens da autotransformação?
A maior vantagem de se estar, conscientemente, no caminho da autotransformação, é poder ser, desde já, mais feliz integralmente. A autotransformação promove muitos benefícios em nossa vida tais como: melhoria da saúde integral devido à eliminação de culpas, ressentimentos, medos, ansiedades e críticas; melhoria do relacionamento com si mesmo e com os outros; facilitação da vivência da sabedoria, do amor e da caridade; aumento da autoestima, autopercepção, autoaceitação e capacidade de concentração focalizada; maior compreensão da realidade; aumento das virtudes e diminuição dos defeitos e das máscaras; maior integração com a fonte da vida, do amor e do poder universais. A aceleração do progresso espiritual, resultantes do esforço na autotransformação, permite atingirmos estados de consciência cada vez mais repletos de paz, amor, harmonia, equilíbrio, felicidade e saúde integrais, realização, verdade e justiça.

Como chegamos a esta situação?
Nesta reencarnação, na infância vivenciamos a falta de uma educação adequada, os porquês da vida ficaram sem resposta, não entendemos as atitudes das pessoas, ficamos sem referências sobre como agir e fomos incapazes de tomar as decisões corretas. Na juventude tivemos problemas de adaptação no mundo, fomos revoltados contra os pais e a sociedade, servimos de modelos para outros jovens, adotamos modelos de defesa mais fácil (ironia, hostilidade e violência), adotamos referências de vida encontrada nos livros, na TV, nos filmes, nas notícias de jornais. Quando adulto sofremos pressões do trabalho, tivemos outras prioridades, passamos por problemas existenciais sem solução e não tivemos condições de educar os filhos corretamente. Depois de tudo isso, consequentemente, vivenciamos crises existenciais, traumas, depressão, enfermidades físicas, emocionais e mentais. O remédio a ser administrado é, portanto, a reforma íntima.

Que podemos e devemos autotransformar?
Na prática, podemos e devemos transformar o nosso ego, integrando-o ao Eu Real, transformando nossos defeitos (orgulho, inveja, ciúme, agressividade, ignorância, egoísmo, personalismo, maledicência, intolerância, etc.) em virtudes (humildade, resignação, sensatez, generosidade, afabilidade, sabedoria, tolerância, perdão, etc.). Na teoria, podemos e devemos expandir continuamente nossa consciência de modo que ela seja cada vez mais identificada com o Eu Real e cada vez menos identificada com o ego.

Quanto tempo vamos gastar?
A reforma íntima é um processo demorado porque requer uma verdadeira e completa purificação da alma. Entretanto, o tempo deixa de ser importante caso já estejamos trilhando, conscientemente, o caminho da autotransformação considerando que somos seres imortais. É importante, porém, saber que nosso futuro depende apenas de nós mesmos e que nossa vida deve ser sempre dedicada à busca da verdade, à prática do bem, ao autoconhecimento, ao autodomínio e à transformação dos defeitos em virtudes.

Quais são os requisitos para sermos bem sucedidos?
Para ser bem sucedido no caminho da autotransformação é necessário dispor de vontade firme, esforço constante, sinceridade, disciplina, adaptação, sacrifício, auto-observação, autocrítica, autoconhecimento, inteligência, intelecto, estudo e motivações para mudar de vida. Todas as energias negativas manifestadas na forma de vergonha, raiva, doenças, vícios, tristeza, dor e sofrimento podem se transformar em energias positivas e em motivações para melhorar de vida.
O caminho da autotransformação não é fácil, mas a dificuldade não é incontornável nem insuperável. Ela existe apenas enquanto a personalidade tem interesse em evitar aspectos do ego. Este caminho exige o que a maioria das pessoas não tem a menor disponibilidade de dar: lealdade para com o Eu Real, revelação do que existe agora, eliminação de máscaras e dissimulações e a experiência da própria vulnerabilidade. É importante desejar a transformação positiva, querer estar na verdade e mudar, e orar pedindo a Deus força e inspiração mais profundas na alma para que se torne possível a mudança. A partir disso, nós trabalhamos e esperamos que a mudança aconteça de modo confiante, esperançoso e paciente (Pierrakos, 2007).

Método das sete fases de autotransformação
Recomenda-se a acessar aqui o link do Método das sete fases de autotransformação para trilhar desde já o caminho da felicidade e sucesso:  http://amigodejornada.blogspot.com.br/2013/03/metodo-das-sete-fases-de.html

Bibliografia
AXT, B. A busca da felicidade. Superinteressante, 2003. In: http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_376784.shtml
CERQUEIRA FILHO, A. Saúde espiritual. EBM Editora: Santo André, 2006, 277p.
SANTOS, D. D. 2013 Evolução e espiritualidade.In: http://bvespirita.com/Evolu%C3%A7%C3
%A3o%20e%20Espiritualidade%20%28Dalmo%20Duque%20dos%20Santos%29.pdf
KARDEC, A. A gênese. Federação Espírita Brasileira: Rio de Janeiro, 1995a, 223p.
KARDEC, A. O livro dos espíritos. Federação Espírita Brasileira: Rio de Janeiro, 1995b, 292p.
PASTORINO, C.T. Técnica da mediunidade. Sabedoria: Rio de Janeiro, 1975, 212p.
PIERRAKOS, E. O caminho da autotransformação. Editora Cultrix: São Paulo, 2007, 256p.
PINHEIRO, R. (espírito Joseph Gleber). Além da matéria. Casa dos Espíritos Editora: Contagem, MG, 2003, 202p.

2 comentários:

EU disse...

Muito boa sua análise!
Caso queria ampliar o foco da sua pesquisa, recomendo o site:
www.authentichapiness.org
Um abraço!

Unknown disse...

Muito bom o texto... nele foi possível encontrar algumas respostas, com um novo sentido e amplitude. Parabéns...