"Somos emanações divinas, cada vez mais conscientes da própria divindade, ao vivenciarmos sabedoria, amor e caridade"
A autotransformação pelo método das sete fases (Figura 1) é um processo consciente, contínuo, gradual e ilimitado de mudanças qualitativas e quantitativas nos pensamentos, sentimentos e atitudes à medida que a consciência se aproxima da identificação com o Eu Real. O processo simultâneo de identificação com o Eu Real e desidentificação do ego permite transformarmos o ego, isto é, erradicarmos suas negatividades e máscaras. É recomendável, antes de iniciar a leitura do método das sete fases de autotransformação, ler atentamente o texto entitulado FELICIDADE: DESTINO, MERECIMENTO, SORTE, ACASO, META OU CAMINHO?
A autotransformação pelo método das sete fases (Figura 1) é um processo consciente, contínuo, gradual e ilimitado de mudanças qualitativas e quantitativas nos pensamentos, sentimentos e atitudes à medida que a consciência se aproxima da identificação com o Eu Real. O processo simultâneo de identificação com o Eu Real e desidentificação do ego permite transformarmos o ego, isto é, erradicarmos suas negatividades e máscaras. É recomendável, antes de iniciar a leitura do método das sete fases de autotransformação, ler atentamente o texto entitulado FELICIDADE: DESTINO, MERECIMENTO, SORTE, ACASO, META OU CAMINHO?
Figura 1. Autotransformação pelo método
das sete fases
Fase 1 – Autopercepção e despertar da consciência
Esta é a fase mais importante porque é o primeiro passo do processo.
Nesta fase despertamos para a realidade espiritual, nos abrimos para a verdade,
percebemos que somos responsáveis pelo estágio espiritual no qual nos
encontramos, percebemos a conexão de tudo e de todos, identificamos nossos erros,
defeitos, vícios, necessidades e potencialidades evolutivas. Percebemos que
existe um relacionamento entre nossos aspectos físico e extrafísico, isto é,
entre a personalidade e o inconsciente. Compreendemos que o espírito é mais
importante do que o corpo físico porque o primeiro é imortal e o segundo é
transitório. Percebemos que a busca interior é tão importante quanto à busca de
recursos materiais, intelectuais e posições sociais (Novaes, 2001).
Hammed diz que a autopercepção é o somatório de todas as impressões
internas e externas ao mesmo tempo. Através dessa “sensação generalizada”, a
criatura entra em contato consigo mesma, podendo traduzir com certeza se é sua
ou não a emoção registrada e de onde ela se origina (Santo Neto, 2002). A
autopercepção é, portanto, a conscientização de nós mesmos, interna e
externamente, pela percepção dos resultados de nossas ações e reações, por meio
dos sentidos físicos, emocionais, mentais e intuicionais. Nesta fase fazemos
perguntas a nós mesmos tais como: Que (quem) sou? Quem sabe o que sou? Quem
sabe que eu sou o que sou? Que penso que
devo ser?
Não podemos mudar algo que não percebemos, ou seja, é preciso desenvolver
a percepção de nós mesmos, de forma plena e consciente. É necessário tomar
consciência das crenças limitadoras, inconscientes ou automáticas, que nos
impedem de evoluir, monitorando nossos padrões mentais, emocionais e físicos.
Devemos estar atentos, portanto, ao teor vibratório de nossos pensamentos,
imagens mentais, sentimentos e hábitos, assim como das interações entre essas
fontes vibratórias. A percepção é o olhar amoroso a si mesmo, sem julgamentos
de certo e errado, originado do Eu Real que somos. O sentimento amoroso de
compaixão, em lugar ao de julgamento, auxilia em nossa autoaceitação e também
na do nosso próximo. É necessário perceber a diferença existente entre a
autoimagem idealizada e o Ser real, isto é, perceber que não somos nem pessoas perfeitas, nem pessoas más. A compaixão é muito importante porque permite,
apesar de nossas imperfeições, a buscar o que é melhor para nós mesmos, dentro
de possibilidades reais (Cerqueira Filho, 2006).
Nesta fase nos conscientizamos sobre as conseqüências do nosso livre
arbítrio e sobre a mecânica das Leis Divinas, isto é, compreendemos que nossas atitudes
(mentais, emocionais, físicas), quando originadas do Eu Real, somente resultam
no Bem, e quando originadas do ego, somente resultam no Mal. É importante compreender que o Mal absoluto (força infinitamente contrária ao bem), não existe. O Mal que conhecemos é relativo e resulta de nossa ignorância em relação ao funcionamento das leis da natureza. As coisas que imaginamos que poderiam ser um Mal, acabam se transformando num Bem, a medida que evoluímos e compreendemos a justiça e necessidade de passarmos por difíceis lições na vida, isto é, de sermos obrigados a tomar remédios amargos, mas que ao final das contas, servirão para a nossa cura integral. À medida que evoluímos, nossos defeitos, vícios e erros vão se transformando em qualidades, virtudes e acertos. O Bem pode ser entendido como a manifestação de: auxílio no processo evolutivo próprio ou dos demais seres viventes, paz, harmonia, alegria, prazeres da alma, equilíbrio, saúde integral (física, emocional, mental, espiritual), satisfação, realização, alta autoestima, gratidão, esperança, felicidade, conforto, compaixão, bondade. Já o Mal pode ser a manifestação de: prejuízo causado ao próprio processo evolutivo ou ao dos demais seres viventes, dor, sofrimento, tristeza, doenças, insatisfação, desequilíbrio, desarmonia, baixa autoestima, ingratidão, culpas, complexos, desânimo, desesperança, desconforto, infelicidade.
A consciência desperta nos permite perceber os alertas do Eu Real, na
forma de intuições, pensamentos e sentimentos, indicando se nossas ações e
reações resultarão em Bem ou Mal. Assim, gradualmente, nossa consciência
individualista se expande, para incluir as necessidades e direitos dos outros
junto aos nossos.
A autopercepção e o despertar da consciência (Figura 2) são processos
morosos devido à sua complexidade e à lentidão natural do processo evolutivo.
Esta fase caracteriza-se pela existência de dois ciclos que podem ser rompidos
pela vontade do espírito de melhorar-se. A quebra do primeiro ciclo acontece
quando, após agirmos mal, desejamos melhorar porque já estamos cansados da
infelicidade, do aumento dos conflitos internos e das crises resultantes da
estagnação espiritual, revolta e identificação com o ego. A quebra do segundo
ciclo acontece quando, mesmo agindo bem, desejamos melhorar porque não estamos
satisfeitos com a relativa felicidade e satisfação interior resultantes do
relativo progresso evolutivo alcançado. O desejo de melhorar é originário do Eu
Real que atua de forma latente em nosso inconsciente, independentemente se
agimos bem ou mal. A primeira fase da autotransformação, caracterizada pela
identificação dos problemas, da necessidade e das vantagens da
autotransformação, enseja significativos progressos evolutivos resultantes do
trabalho consciente do espírito na sua purificação.
A identificação dos problemas,
necessária para início da fase de auto-observação, consiste em descobrirmos
quais são os nossos problemas ou porque desejamos melhorar, independentemente
se temos agido bem ou mal. Os problemas sempre estão relacionados com algum
resultado indesejável ou insatisfação resultante de nossas ações e reações físicas,
emocionais e mentais. Para ajudar a identificar se determinada atitude (física,
emocional ou mental) constitui problema (aspecto negativo) o qual deverá ser
trabalhado na autotransformação, podemos fazer a seguinte pergunta: tal atitude
é útil no meu crescimento espiritual ou serve apenas para o fortalecimento do
ego? A resposta correta será dada por nossa consciência primordial.
É necessário reconhecer a importância e prioridade dos problemas
identificados com base em fatos e dados tais como a freqüência e modo de
ocorrência dos problemas; existência de perdas, tristeza, dor ou sofrimento;
melhorias e ganhos potenciais. Por
exemplo, se temos agido bem e não estamos plenamente felizes e satisfeitos,
então o problema pode ser a necessidade de desenvolvermos virtudes ou de
eliminarmos máscaras tais como o perfeccionismo, pseudoperdão ou puritanismo. Por
outro lado, se temos agido mal e estamos tristes e “arrependidos”, então o
problema pode ser, por exemplo, a necessidade de eliminarmos negatividades tais
como o egoísmo, orgulho ou vícios.
Figura 2. Fase da autopercepção e
despertar da consciência
É muito importante compreendermos o sentido de “arrependidos”. Conforme
Novaes (2001), arrepender-se é não fazer mais o que se fazia; é não entender a
vida com os mesmos valores que se tinha; é não se culpar pelo que fez no
passado, mas encarar uma nova realidade que se avizinha; é autoconhecer-se; é
fazer um mergulho no próprio mundo consciente e no inconsciente, a fim de modificar
suas disposições internas e passar a vibrar numa faixa psíquica mais elevada.
Procedendo assim, obteremos a disposição para enfrentar com equilíbrio e
humildade os problemas que a vida nos apresenta.
Grande parte dos seres humanos pode considerar-se como estando
aproximadamente noventa por cento no estado de sono e somente dez por cento
atento para o que existe no mundo ao seu redor e no seu interior. O processo de
despertar a consciência exige muito esforço, comprometimento, trabalho e também
a disponibilidade de sacrificar padrões destrutivos com suas satisfações
dispendiosas e efêmeras. Unicamente isso fará com que a consciência se
desenvolva gradativamente, que a percepção se aguce, e que o novo conhecimento
interior se torne disponível como manifestação do Eu Maior em processo de
despertar. Essa percepção intuitiva crescente, esse conhecimento interior –
primeiro em relação ao eu, em seguida com relação ao ser íntimo dos outros, e
por fim também com relação à verdade e à criação cósmicas – estende-se para
dentro de uma experiência de vida imortal (Pierrakos, 2007).
Fase 2 – Auto-observação
Auto-observação é a observação de nós mesmos, de nossas ações e reações
físicas, emocionais e mentais, com uma visão ampla, sob vários pontos de vista,
com sinceridade, humildade e sem julgamentos. Ela é uma reflexão sobre nossa
intimidade e atitudes sem ansiedade e apego em relação aos nossos acertos, sem
rejeição de nossos erros. É a utilização do tempo e energia para observar de
frente aquela parte do ego que bloqueia a felicidade, a realização e a
plenitude. O olhar para si mesmo deve ser feito com calma, sem complexo de
inferioridade e sem ser o centro do universo.
Após identificarmos os problemas na primeira fase da autotransformação,
iniciamos a auto-observação, com o objetivo de coletarmos informações sobre
nossas ações e reações mentais, emocionais e físicas relacionadas com os
problemas. A falha na coleta de
informações confiáveis, quantitativa e qualitativamente, as quais são
fundamentais nas fases de autoanálise e autoconhecimento, pode ser a causa de
bloqueios ou atrasos no processo de autotransformação. Algumas recomendações
sobre como fazer a auto-observação são:
- Praticar
diariamente o exame de consciência das ações e reações físicas, emocionais e
mentais fazendo perguntas tais como: Que fiz de errado, consciente ou
inconscientemente? Que fiz de correto? Que poderia ter feito e que não fiz? Que
não quero ver em mim? Que não desejo mudar em mim? É urgente a correção do
erro? Qual é a importância de corrigi-lo? Onde ocorre o erro? Quando ocorre o
erro? Que tipo de problemas tenho que lidar? Quais são os sintomas de meus
problemas? Que fatores externos podem estar contribuindo para agravar os meus
problemas? Que hábitos tenho (vícios e virtudes)? Em que áreas particulares se
manifesta a autoimagem idealizada? Que concepções errôneas subjacentes são
responsáveis pelo ódio, rancor, malícia ou quaisquer outros sentimentos
negativos que chegam à consciência? Quais são as conseqüências que advêm do
fato de ceder aos impulsos destrutivos em nome de um prazer momentâneo? Que
estou observando superficialmente? O que sinto realmente neste momento em
relação a essa ou aquela questão? Em qual aspecto estou insatisfeito?
- Meditar e
afirmar conscientemente, profundamente e confiante na ação do Eu Real: Deve ser
exposto tudo que esteja em mim, que esteja escondido e que eu deva saber sobre
mim, qualquer negatividade e destrutividade que exista. Quero ver,
comprometo-me a conhecer, por mais que isso possa ferir a minha vaidade. Quero
estar consciente do modo como deliberadamente me recuso a ver partes de meu ego
às quais me agarro, conduzindo-me ao erro (Pierrakos, 2007);
- Vigiar
atentamente para observar a atuação do ego, processando automaticamente o
direcionamento de nossas vidas;
- Observar o
hábito de autoflagelação, de desesperança e de capitulação em si mesmo e reagir
contra - não o reprimindo uma vez mais, mas utilizando tudo o que sabe. Falando
a essa parte egóica, pode-se concentrar nela todo o conhecimento consciente que
possuímos. Se isso não for suficiente, pedir ajuda aos poderes que estão além
da consciência (Pierrakos, 2007);
- Descobrir se existem imagens inconscientes limitadoras num nível mais profundo fazendo
perguntas (Pierrakos, 2007) tais como: Como você se sente com relação a si
mesmo e a sua vida? Até que ponto sua vida tem sentido, é plena e rica? Você se
sente seguro com os outros? Você se sente à vontade com relação a seu eu mais
íntimo na presença dos outros, ou pelo menos com certas pessoas com quem você
tem alguns objetivos em comum? Quanta alegria você é capaz de sentir, de dar e
de receber? Você é atormentado por sentimentos, ansiedade e tensão ou pela
solidão e por uma sensação de isolamento? Você precisa de superatividade para
aliviar sua ansiedade?
- Não negar os
próprios erros porque eles fazem parte do processo natural de aprendizado e
servem de base em nosso processo de autoaperfeiçoamento. É necessário admitir
humildemente os próprios defeitos, para poder transformá-los nas virtudes. Ao negarmos
um erro, perdemos a oportunidade de vê-lo com honestidade e sinceridade, e
assim superá-lo. O erro não é eliminado apenas pelo esforço de vontade, mas
pelo seu exame cuidadoso e tranqüilo, sem medo de castigo e sem qualquer autoimagem
negativa. A falha só aparece porque decidimos seguir o caminho do
autoaperfeiçoamento. Aos poucos, cada defeito se transformará em virtude;
- Examinar os
próprios erros, frente aos acertos e olhar o ego, frente à sabedoria e amor do Eu
Real, aprendendo a integrar positivo e negativo, luz e sombra, ao longo do
demorado processo de crescimento interior;
- Sempre
esforçar para corrigir-se, sem permanecer no erro;
- Não exagerar
as próprias qualidades, negando a existência de defeitos, porque assim o
aprendizado fica reduzido;
- Observar a
existência das negatividades e das máscaras frente à autoimagem idealizada;
- Procurar
sentir e observar as reações emocionais relacionadas ao eu idealizado;
- Cuidar para
não ter uma auto-opinião muito positiva, subestimando a observação dos próprios
erros como fonte de paz, harmonia e equilíbrio em nossas vidas;
- Dissociar erro
de castigo ou condenação;
- Pensar e falar
dos próprios defeitos com calma e serenidade;
- Tentar ver no
próximo, principalmente, as qualidades e os acertos;
- Observar os
próprios erros construtivamente, sem projetar a sombra dos próprios defeitos
nos outros;
- Procurar
sentir carinho e não desprezo pelas falhas alheias porque tudo o que fazemos
aos outros retorna a nós, mesmo que não estejamos conscientes disso;
- Observar com
igual tranqüilidade tanto o que é bom quanto o que é ruim dentro de si mesmo;
- Ter coragem
para admitir a própria mediocridade e defeitos sem cair na lamentação, na
autopiedade, nem atribuir a outrem a culpa pelo fato de termos este ou aquele
defeito;
- Não fingir que
não tem defeitos e conscientizar-se das próprias sombras para que elas não
frustrem, inconscientemente, nossas melhores intenções;
- Olhar para os
mundos interno e externo, sem apego, rejeição, lutas, conflitos e fugas.
Fase 3 – Autoanálise
A autoanálise é uma investigação sistemática de si mesmo, usando método
psicanalítico, com a finalidade de descobrir as causas fundamentais dos
problemas, conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções e suas
relações. Joanna de Angelis nos diz que a autoanálise, trabalhada pela
insistência de preservação dos ideais superiores da vida, é o recurso
preventivo para a manutenção do bem-estar e da saúde nas suas várias expressões
(Franco, 2002).
Na autoanálise somos, simultaneamente, objeto e sujeito da análise, somos
nosso próprio psicanalista ao nos observarmos. Pela autoanálise, descobrimos
como agem as máscaras e negatividades do ego. A autoanálise nos ajuda na expansão
do Eu Real aprisionado no ego, promovendo o despertar da consciência e avanço
no autoconhecimento.
Os processos psíquicos executados na mente humana ocorrem de três modos:
a) Automáticos, isto é, sem a intenção do Espírito e, portanto inconscientes à
personalidade; b) Conscientes em relação ao Espírito; e c) Comandados pelo ego,
ou conscientes à personalidade. Difícil é, entretanto, saber separar tais
processos devido as suas características de ser um todo indivisível (Novaes,
2004).
É necessário refletir, com plenitude e consciência, sobre as causas dos
problemas que foram observadas nas fases anteriores, sobre os autojulgamentos,
as autoidealizações fantasiosas, sobre o orgulho que mantemos, etc. Essas
reflexões permitirão identificar as distorções, de modo que saibamos o que
mudar e como ressignificar as crenças limitadoras do ego, caracterizadas pelo
desamor e pseudo-amor. Somente a partir de uma autoanálise, consciente e
responsável, é que estaremos em condições de transformar, gradativamente, as
negatividades do ego que nos estimulam para o mal.
Para descobrir
as causas fundamentais dos problemas podemos fazer perguntas tais como: Quais
são as causas mais prováveis de meus erros? Que me impede de melhorar? Por que
errei? Que penso ser? Que pareço ser? Que fiz ou deixei de fazer? Por que
necessito melhorar? Que causas e efeitos estão relacionados com a autoimagem
idealizada? Outras recomendações para fazer a autoanálise são:
- Analisar as
emoções e eventos traumáticos assimilados pelo ego, que tenham sido reprimidos
psicologicamente, e não puderam se manifestar no momento de sua ocorrência em
tempo real;
- Analisar
cuidadosamente todos os pensamentos, sentimentos e atitudes que se escondem no
ego, conscientes da resistência psicológica que nos faz esquecer e ocultar a
maioria dos fatos negativos (internos e externos), frustrantes, vergonhosos ou
penosos. Assim fazendo, evitamos que o ego reforce os eu´s inferiores já
criados ou crie outros pela repressão;
- Eliminar pré-conceitos
e pré-julgamentos e optar pela compreensão dos próprios erros para não criar
complexo de culpa.
Fase 4 – Autoconhecimento
O autoconhecimento é o conhecimento de nós mesmos, nos ajudando a separar
o útil do supérfluo, o indispensável do secundário. Conhecermo-nos permite
transformar aquilo que nos prejudica e reforçar as habilidades já conquistadas.
De acordo com Ângelis (Franco, 2002), o autoconhecimento nos revela nossas
possibilidades e limitações, abrindo espaço para renovação e conquista de novos
horizontes de saúde e plenificação, sem
consciência de culpa, sem estigmas. Somente através do autoconhecimento é
que poderemos purificar nossa alma, limpando-a dos padrões de autodestruição e
deixá-la em condições de relacionarmo-nos com o Deus interior.
Uma vez observado, analisado e
compreendido determinado aspecto de nossa psique, podemos verificar se ele
consegue passar nas peneiras da verdade, bondade e utilidade. Se não passar, é
porque tal aspecto já não nos serve mais em nosso crescimento espiritual e
assim ele poderá ser transformado (integrado) ao Eu Real, expandindo assim nossa
consciência.
O autoconhecimento
permite observarmos em nós os sentimentos egóicos, tratando-os como pensamentos
e emoções transitórios, possíveis de serem controlados e modificados através da
vivência dos sentimentos permanentes originados do Eu Real que somos. A consciência
de nossos pensamentos, emoções e comportamentos desequilibrados é uma aptidão
fundamental que possibilitará o autodomínio, vencendo as dificuldades que
trazemos, a fim de obtermos o equilíbrio físico, emocional, mental e
espiritual.
O autoconhecimento pode ser obtido com base no resultado de análises nas
quais nos perguntamos: Que sou? Que não sou? Que penso ser? Que pareço ser? Com
que me identifico? Com que não me identifico? Outras recomendações para
autoconhecer-se são:
- Cuidar para
não criar falsas esperanças na tentativa de identificar-se com modelo de
perfeição (autoimagem idealizada, máscaras), muito além das possibilidades, no
período de tempo considerado. Os fracassos advindos dessas tentativas podem nos
trazer neuroses, complexos, baixas autoestima;
- Conforme nos
ensinou o Cristo em “conhecereis a verdade, e ela vos libertará”, o
conhecimento da verdade em nossa consciência é essencialmente libertador e abre
um maravilhoso caminho de novas possibilidades. Ao contrário, a autopunição, o
martírio e a culpa, apenas tentam nos impor uma conduta que deveríamos ter, mas
ainda não temos e não entendemos o porquê disso, gerando máscaras que escondem
o que não queremos ver, dando origem a fobias, traumas, complexos, neuroses que
seguem nos atormentando;
- Com o
autoconhecimento percebemos os pensamentos e as emoções que aparecem em face
dos eventos ou das recordações e também notamos a relação desses estados
psíquicos com nosso corpo, já que entre o mundo interior e o corpo físico
existe uma relação tão estreita que é impossível tentar mudar um e manter o
outro como está. Nossos estados mentais e emocionais são as respostas psíquicas
das interações e dos impactos que nosso corpo recebe dos mundos interior e
exterior;
- O ego se
enfraquece se não o alimentarmos com pensamentos e sentimentos oriundos de
desejos e anseios conscientes ou não. Ao nos identificarmos com os valores
reais do Eu Real, automaticamente, enfraquece-se o ego por deixar de
alimentá-lo com pensamentos e sentimentos negativos;
- Nós podemos
acessar nosso inconsciente através de sentimentos, emoções e intuições, mas não
podemos entendê-lo com a razão, nem com a lógica. No inconsciente guardamos
tudo aquilo que não queremos lembrar ou que rejeitamos. A compreensão das
causas dos conflitos emocionais torna possível nos libertar deles ou amenizar
sua influência. Para entender o que nos ocorre, é necessário algumas vezes,
identificar além de tudo o que sabemos, lembramos e guardamos no consciente,
também e principalmente, o que está armazenado no nosso inconsciente. No
inconsciente ficam conteúdos que alteram e influenciam o comportamento, tudo
que é considerado agressivo à consciência. Tais conteúdos são reprimidos no
inconsciente como forma de defesa e censura interna. No inconsciente guardamos
tudo que não queremos ver, onde há muitas coisas as quais nem imaginamos, lugar
de despejo e que nem sempre se limpa, através da repressão de imagens,
pensamentos e idéias esquecidas. Reações e comportamentos que não entendemos
podem ressurgir, a qualquer momento, mesmo depois de muito tempo, mediante um
fator desencadeador (Aquino, 2011);
- O consciente
relaciona-se com o lado esquerdo do cérebro (razão) e o inconsciente
relaciona-se com lado direito do cérebro (emoção). O consciente possui
linguagem própria e se comunica através da palavra, pensamento lógico e
raciocínio. O inconsciente tem linguagem simbólica ou representativa, existindo
dois tipos de simbologias: a universal e a pessoal. A simbologia universal é a
linguagem conhecida por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. A
simbologia pessoal é aquela em que tal coisa ou situação tem certo significado
para determinada pessoa e não para toda e qualquer pessoa. A simbologia pessoal
é totalmente influenciada pelo nosso histórico de vida. O inconsciente, fixa e
trabalha com as imagens. Para conseguirmos algo, devemos trabalhar com as
imagens que correspondam ao que desejamos e nunca o contrário. O inconsciente
ignora a palavra e registra apenas a imagem correspondente. Devemos sempre
dizer e visualizar o positivo, a cena que desejamos conseguir. Na verdade, o
que irá nos conduzir a ter certas reações, serão as imagens que as palavras
produzirão e não as palavras em si (Aquino, 2011);
- Conteúdos do
inconsciente podem nos influenciar sempre que houver emoção envolvida na
situação, ou seja, nós podemos ter reações a determinadas situações que nem
sempre entendemos, pois estas são contaminadas por conteúdos inconscientes
(impulsividade, agressividade), ou seja, a ação é totalmente contaminada pela
emoção. O maior representante de nosso inconsciente são as emoções. Sempre que
sentirmos que estamos perdendo o controle, podemos estar sendo influenciados
pelas nossas emoções (Aquino, 2011);
- Conteúdos
inconscientes (compulsões, tendências, imagens ocultas) podem estar atuando
sempre que houver ação do princípio do prazer, da criancice, da brincadeira e
da espontaneidade. Muitos acontecimentos armazenados em nosso inconsciente, tais
como rejeição, medo, prazer, injustiça, autoritarismo, culpa, ansiedade, crítica,
proibição, castigo, frustração, ressentimento e abandono, ocorreram no período
de nossa infância. Para o inconsciente não existe passado, presente e futuro
separados. O inconsciente é um estado mental que difere do consciente, não só
quanto ao que contém como características, mas também na sua maneira de revelar
os fatos, de registrá-los, de desenvolver a lógica e os julgamentos, na sua
comunicação e na sua linguagem. O inconsciente trabalha como se fosse um
arquivo com muitas pastas. Cada pasta corresponde a um sentimento ou momento
significativo de nossa vida. Cada vez que essa pasta abre (seja para guardar um
novo conteúdo de perda ou porque algo - simbólico - trouxe à lembrança algum
registro dessa pasta) ela faz com que todas as emoções guardadas lá dentro
sejam manifestadas, trazendo reações físicas e emocionais sem controle. É como
se viesse à tona toda a emoção do momento original, ou seja, da primeira perda,
somada a todas as outras que existiram e foram guardadas nessa pasta. Esse
total de emoções resultante das perdas registradas é o que causa as reações.
Enquanto isso for inconsciente, ou seja, não tivermos o conhecimento consciente
do fato, não haverá controle. É como se o inconsciente relacionasse algo que
acontece no presente com algo do passado. Esses conteúdos podem ser
desencadeados por diferentes motivos tais como o cheiro ou temperatura. Para o
inconsciente o fato de nós pensarmos algo ou realizarmos tem o mesmo efeito
porque ele trabalha com imagens registradas em nossa mente. Por exemplo, muitas
vezes ficamos abalados, nervosos, só de pensar que algo possa acontecer; também
é por isso que a meditação traz tantos bons resultados. Enquanto não houver
autoconhecimento, o inconsciente tende a repetir padrões do que foi registrado,
principalmente durante a gestação e infância. Por exemplo, se tivemos um pai e
ou mãe alcoólatra, a tendência é a de que nós, quando adultos, nos unamos a
alguém alcoólatra; se vivemos num lar com violência, gritos e agressões,
podemos repetir os mesmos padrões mesmo que não queiramos, inconscientemente,
seguindo os exemplos que tivemos. Este padrão só é quebrado quando aprendermos a
tornar conscientes muitos conteúdos inconscientes, obtendo assim o equilíbrio
interno e o autoconhecimento. O conflito, a angústia, os pesadelos, etc.
acontecem quando há desequilíbrio entre o consciente e inconsciente. Com o
autoconhecimento, sabemos o que queremos, mudamos o que queremos e há mais
controle sobre as nossas ações, comportamentos, atitudes, enfim, sobre nossa
própria vida (Aquino, 2011).
Fase 5 – Autoaceitação e autoperdão
A autoaceitação é o ato ou o efeito de nos aceitarmos e nos
compreendermos plenamente, sem sentimentos de culpa, raiva, medo, negação,
pânico, terror, autorejeição, autocrítica e de exigência de autoperfeição. A
atitude negativa em relação a si mesmo impossibilita o desenvolvimento porque
não permite pesquisar as causas do que poderia ser desenvolvido, impedindo a
reeducação. A autoaceitação e autocompreensão possibilitam que nosso consciente
reivindique o seu domínio sobre a matéria psíquica destrutiva, estagnada e
violenta, utilizando da bondade, firmeza e determinação.
A
autoaceitação e o autoperdão incluem a compreensão da própria realidade
evolutiva (boa/má aparência, situação boa/ruim, sucessos/fracassos,
alegria/tristeza, saúde/doença, qualidades/defeitos, vícios/virtudes, facilidades/dificuldades,
etc.). Incluem a gratidão por tudo na vida: progresso evolutivo alcançado, auxílios
recebidos, oportunidades, proteção material e espiritual, orientação recebida,
etc. Incluem a aceitação da responsabilidade pelo que se é, pelos erros,
defeitos, vícios e qualidades e potenciais. Significam não revoltar-se contra
tudo e todos. Implicam em amar os sentimentos egóicos e conciliar com estes
adversários que existem dentro de nós. A libertação dos sentimentos egóicos é
realizada pela autoaceitação e transformação desses sentimentos e pela
simultânea identificação com os sentimentos do Eu Real. A desidentificação do
ego é resultado da aceitação de que temos sentimentos negativos, mas que o Eu
Real não é negativo. A transformação ocorre pela identificação com o Eu Real
através de ações e reações mentais, emocionais e físicas sintonizadas no bem.
É necessário aceitar, após o
autoconhecimento, as negatividades do ego, geradoras dos estímulos negativos,
que nos impulsionam para o desequilíbrio; é preciso aceitar nossas crenças
limitadoras e trabalhar para nos desidentificarmos delas, proativamente. Ser
proativo significa permanecer no equilíbrio entre o passivo e o reativo, isto
é, sentir que temos as crenças limitadoras, mas que também temos capacidade de
transformá-las em oportunidades de crescimento.
Às vezes nos deparamos com um sentimento egóico muito comum, que é o
orgulho manifesto ou disfarçado. Ele nos impede de aceitar e, até mesmo de
perceber nossas limitações. Criamos, através do orgulho, a imagem
autoidealizada, maior obstáculo à prática do amor, porque, assim fazendo, não
aceitamos que existam em nós, negatividades a serem transformadas. A
autoaceitação é uma virtude proativa que requer uma atitude de humildade para
reconhecermos a nossa limitação. É preciso aceitar que ainda somos pessoas
imperfeitas. Todos nós temos, em algum grau, imperfeições a serem trabalhadas.
Por isso, são necessárias a humildade e a compaixão para aceitarmos as próprias
limitações. Importante, porém, é não confundir aceitação com acomodação, que é
uma atitude passiva, na qual a pessoa se acomoda com as suas imperfeições sem,
contudo, fazer nada para transformá-las. Devido à proatividade, a partir da
aceitação de nossas limitações como uma necessidade a ser atendida, é essencial
nos perguntarmos que podemos fazer para mudar os sentimentos egóicos que nos
impedem de praticar o amor. A postura de amor em relação aos sentimentos egóicos
caracteriza o bom combate. Com esta postura, podemos transformar esses
sentimentos utilizando a energia do amor e não usando sentimentos negativos
tais como a raiva, violência, crítica, etc. os quais se originam na energia do
desamor (Cerqueira Filho, 2006).
A autoaceitação é um ato de submissão às Leis Divinas porque ninguém,
além de nós mesmos, é responsável por tudo aquilo que somos. Em algum ponto das
dimensões espaço e tempo nós fomos criados simples e ignorantes, dotados de
inteligência, livre arbítrio e consciência, condições estas que nos diferenciam
do animal que não tem consciência de si mesmo. A atual situação de ser e ter depende, exclusivamente, de nossas escolhas feitas ao longo de
nosso caminho evolutivo. Por isso, cada um de nós é um ser único, especial,
diferente dos outros, com talentos, defeitos e qualidades peculiares. Portanto,
não há lógica em nos comparamos aos outros seres humanos, porque dependendo
dessa comparação pode-se colocar abaixo ou acima dos outros. Em qualquer dessas
situações, o resultado será ruim porque ou poderemos estar nos considerando
seres superiores ou inferiores.
É humano e natural não estarmos
satisfeitos com a nossa situação atual, com o físico que temos, com as
tendências que possuímos ou com os defeitos que adquirimos. É importante
compreender, porém, que somos seres falíveis, mas que podemos usar a nossa
inteligência, vontade e livre arbítrio para nos conscientizarmos de nossos
erros, para nos corrigirmos e compensarmos os erros cometidos pela
autotransformação e prática do bem.
O autoperdão é a compreensão de nossos erros, defeitos e vícios e a
disposição em nos corrigirmos, não por medo de sermos punidos ou por sentimento
de culpa, mas por entendermos que comportamentos, emoções ou pensamentos
negativos nada contribuem para o nosso crescimento espiritual e que os erros e as
dificuldades para evoluir fazem parte do processo. O passado não retorna, mas
podemos mudar o futuro desde já, perdoando-nos por tudo, por todas as
negatividades e máscaras que ainda existem em nosso ego e que nos causam
insatisfação, tristeza, dor e sofrimento, perdoando-nos até mesmo por não termos
perdoado no passado.
Fase 6 – Autodomínio
É o equilíbrio ou domínio de nós mesmos. É o esforço constante para praticar
as virtudes contrárias aos defeitos identificados, para dominar as más
inclinações e para vivenciar a sabedoria, amor e caridade em toda sua
plenitude. Nós teremos obtido o autodomínio quando formos capazes de controlar
nossas emoções e de nos conscientizarmos dos diferentes modos pelos quais os
fatores inconscientes dominam nossa vontade e livre arbítrio. É necessário ter
vontade e motivação verdadeiras para a vivência do bem, através da mudança de
comportamentos, sentimentos e pensamentos.
O autodomínio implica no aperfeiçoamento de nossa consciência de modo que
possamos identificar e controlar com lucidez, sabedoria, amor, conectividade e
objetividade as causas de nossos problemas, dores e sofrimentos. Nessa
identificação e controle, a consciência utiliza os mecanismos intelectuais e
intuitivos, não importando se as causas dos problemas são objetivas ou
subjetivas, visíveis ou invisíveis, temporais ou atemporais. O autodomínio sobre
todas as nossas ações e reações físicas, emocionais e mentais é um fenômeno da
consciência. Portanto, o autodomínio implica em saber como vamos agir e reagir
nos nossos diferentes veículos de manifestação, ao enfrentar a realidade dos
mundos interior e exterior.
A origem dos problemas que criamos aparece ao confundirmos nossa
autoimagem idealizada com o Eu Real. A autoimagem consiste de projeções
acumuladas de nossa identidade, agrupamento de nomes e formas, que utilizamos
para nos diferenciar do resto do nosso ambiente. Podemos ter diferentes autoimagens,
exteriores e interiores, tais como pais, cônjuges, colegas de trabalho,
puritanistas, perfeccionistas, etc. ao desempenhar nossos papéis no palco da
vida. Cada um desses papéis cria certa impressão do ego na nossa consciência.
Todas essas autoimagens estabelecem identidades em nossa consciência. O problema
aparece quando nos confrontamos com uma realidade não-consistente com a nossa
autoimagem. Nós nos esforçamos para defender nossa autoimagem de várias
maneiras. Ficamos com ódio da realidade exterior ou ficamos indiferentes a ela.
Encaramos as respostas negativas dos outros muito seriamente e nos sentimos
abatidos. Também podemos tentar nos conformar com algo que imaginamos ser
socialmente aceitável. Todas essas estratégias podem nos dar uma sensação
temporária de alívio, mas elas não podem nos preparar para perceber que essa
autoimagem é uma miragem. Por causa disso, a autoimagem nos deixa vulneráveis a
mudanças internas e externas a nós (Cerqueira Filho, 2006; Pierrakos, 2007).
Fase 7 – Autotransformação
É a transformação de nós mesmos sem enfatizar excessivamente o erro, o
pecado e a culpa, cultivando percepção e práticas corretas, nos tornando cada
vez mais capazes de lidar bem com as situações de conflito interior. A
percepção e práticas corretas se baseiam em meditações, reflexões e
visualizações, reeducação dos hábitos e atitudes mentais. A autotransformação
deve respeitar o próprio ritmo ao despertar necessidades reais, que substituem
as necessidades viciosas de satisfação temporária causadoras de dor e
sofrimento.
A
autotransformação deve acontecer pela via do amor, humildade e mansidão,
utilizando instrumentos tais como: terapia do amor; fé raciocinada; perdão e
autoperdão; meditação e oração. O amor dá vitalidade aos nossos veículos de
manifestação e a autotransformação se dá através da consciência disso
(Cerqueira Filho, 2006).
É preciso tomar a decisão consciente e adequada sobre o que fazer para
ressignificar as crenças limitadoras do ego. Não é tarefa fácil mudar hábitos
limitadores, adquiridos ao longo de nossas vidas, pois as negatividades do ego
tornam-se vícios retro-alimentados, aos quais nos acostumamos. É muito comum
refletirmos sobre o que precisa ser modificado em nós, mas quando chegamos a
uma conclusão, adiamos o início da autotransformação, injustificadamente,
adiando ainda mais nossa evolução, tornando o trabalho cada vez mais difícil
por nos afastarmos deliberadamente do Eu Real, surgindo então a dor e o
sofrimento. Portanto, a ressignificação das crenças limitadoras do ego exige
uma decisão firme, no sentido de se realizar todo o esforço que for necessário
para poder substituir gradativamente, essas negatividades, pelo Eu Real amoroso
(Cerqueira Filho, 2006).
Após tomar a decisão de mudança, torna-se essencial a ação plena e
consciente para a substituição, gradativa e suave, do sentimento egóico o qual
dificulta a prática do amor, pelo Eu Real proativo. É recomendável começar a
trabalhar com os sentimentos egóicos mais simples e fáceis de transformar e, à
medida que vamos obtendo sucesso, buscamos outros hábitos egóicos, mais enraizados
em nós para, aos poucos, irmos transformando. Esse procedimento faz aumentar a
confiança em nós mesmos, em nossa capacidade de transformação, pois, ao nos
libertarmos dos sentimentos egóicos menos arraigados, vamos ganhando
experiência e aumentando o grau de confiança. Com isso, os hábitos egóicos vão,
gradativamente e suavemente, sendo substituídos pelos essenciais proativos.
Importante, porém, atentar que o processo de mudança seja suave e leve para que
seja realmente efetivo. Se a mudança exigir muito esforço, alguma coisa deve
estar errada na sua realização. Para se conseguir essa leveza, conforme
Cerqueira Filho (2006), a ação de mudança deve passar por quatro etapas:
Etapa 1 - As reflexões sobre um
sentimento egóico que se está trabalhando, surgem após a sua manifestação.
Devemos aceitar o sentimento e meditar proativamente, sobre como agir para
superá-lo. Aqui refletimos sobre os nossos erros e aprendemos com eles;
Etapa 2 - As reflexões começam a surgir
durante a manifestação do sentimento egóico, possibilitando que possamos
analisá-lo melhor com o intuito de poder superá-lo;
Etapa 3 - As reflexões começam a surgir
antes da manifestação do sentimento egóico, nos possibilitando escolher entre
praticá-lo, ou não. Para esta etapa, elaboramos uma técnica vivencial que
denominamos vigilância interior, tendo como base o versículo: “vigiai e orai,
para que não entreis em tentação”. Trata-se de uma vivência para fazer o
trabalho de autoaceitação do sentimento egóico, transformação dele e
identificação com o Eu Real;
Etapa 4 - Começamos a perceber que as
manifestações do sentimento egóico – ao qual estamos trabalhando, vão se
tornando cada vez mais raras, até a completa efetivação da mudança, na qual as
suas manifestações já não ocorrem mais, porque se efetivou a transformação do
sentimento egóico em um valor essencial. Para a maioria das nossas limitações
egóicas, dificilmente chegaremos nesta fase, na atual existência. É necessário
fazer aquilo que é possível para nós no momento de forma amorosa, pois temos
todo tempo que for necessário – a eternidade, para realizar as mudanças que
necessitamos. Esta técnica, com todas essas etapas, é uma forma didática para
se definir a ação consciente, diferenciando-a da ação impulsiva egóica. As
diferentes etapas são dinâmicas. Muitas vezes não se sabe onde começa uma e
termina a outra, e vice-versa. Muitas vezes, num determinado instante, nos
percebemos numa etapa, em outro instante, noutra. O importante é saber que,
para vivermos conscientes de nossas ações, é necessário método e esforço nesse
sentido. O contrário disso é uma vida automatizada, na qual agimos de forma
impulsiva e robotizada, com graves conseqüências para a nossa saúde psíquica e
emocional (Cerqueira Filho, 2006).
Recomenda-se buscar mais informações
que considerem o processo psicológico na autotransformação (tais como Cerqueira
Filho, 2006; Pierrakos, 1990; e Pierrakos, 2007), para fortalecimento e
enriquecimento dos conceitos e métodos utilizados na transformação do ego. Estas
informações, de maneira geral, pretendem traçar um caminho para a
autotransformação pessoal e autorealização espiritual, através da compreensão
profunda das negatividades e máscaras do ego, suas origens, conseqüências e
processo para situá-las e transformá-las.
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(espírito HAMMED). Imensidão dos
sentidos. Boa Nova: São Paulo, 2002, 222p.
ZWEIG, C.; ABRAMS, J. Ao Encontro da Sombra. Editora Cultrix: São Paulo, 2011, 360p.
4 comentários:
Parece realmente interessante. Vou ler com calma detalhadamente.
Muita paz!
E o melhor é que funciona...
Correção da definição, contida na Fase 1 do método das sete fases: "O Mal é a ausência do Bem". O Mal é, na realidade, a ignorância do Bem. O Mal não pode ser definido como sendo a ausência do Bem porque: 1) Deus é a causa primária de todas as coisas; e 2) Ele é onipresente. Assim, ao dizermos que que o Mal é a ausência do Bem, estaríamos indiretamente (e erradamente) dizendo que o Bem (Deus) não está no "Mal", invalidando a manifestação da divina onipresença do eterno Bem. É difícil para muitos de nós compreender que somente existe o Bem, e que tudo aquilo que enxergamos como sendo o Mal, é apenas o resultado de nossa ignorância sobre como funcionam as leis divinas.
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