sábado, 23 de março de 2013

REFORMA ÍNTIMA (AUTOTRANSFORMAÇÃO) EM SETE FASES

"Somos emanações divinas, cada vez mais conscientes da própria divindade, ao vivenciarmos sabedoria, amor e caridade"

A autotransformação pelo método das sete fases (Figura 1) é um processo consciente, contínuo, gradual e ilimitado de mudanças qualitativas e quantitativas nos pensamentos, sentimentos e atitudes à medida que a consciência se aproxima da identificação com o Eu Real. O processo simultâneo de identificação com o Eu Real e desidentificação do ego permite transformarmos o ego, isto é, erradicarmos suas negatividades e máscaras. É recomendável, antes de iniciar a leitura do método das sete fases de autotransformação, ler atentamente o texto entitulado FELICIDADE: DESTINO, MERECIMENTO, SORTE, ACASO, META OU CAMINHO?

Figura 1. Autotransformação pelo método das sete fases

Fase 1 – Autopercepção e despertar da consciência
Esta é a fase mais importante porque é o primeiro passo do processo. Nesta fase despertamos para a realidade espiritual, nos abrimos para a verdade, percebemos que somos responsáveis pelo estágio espiritual no qual nos encontramos, percebemos a conexão de tudo e de todos, identificamos nossos erros, defeitos, vícios, necessidades e potencialidades evolutivas. Percebemos que existe um relacionamento entre nossos aspectos físico e extrafísico, isto é, entre a personalidade e o inconsciente. Compreendemos que o espírito é mais importante do que o corpo físico porque o primeiro é imortal e o segundo é transitório. Percebemos que a busca interior é tão importante quanto à busca de recursos materiais, intelectuais e posições sociais (Novaes, 2001).
Hammed diz que a autopercepção é o somatório de todas as impressões internas e externas ao mesmo tempo. Através dessa “sensação generalizada”, a criatura entra em contato consigo mesma, podendo traduzir com certeza se é sua ou não a emoção registrada e de onde ela se origina (Santo Neto, 2002). A autopercepção é, portanto, a conscientização de nós mesmos, interna e externamente, pela percepção dos resultados de nossas ações e reações, por meio dos sentidos físicos, emocionais, mentais e intuicionais. Nesta fase fazemos perguntas a nós mesmos tais como: Que (quem) sou? Quem sabe o que sou? Quem sabe que eu sou o que sou?  Que penso que devo ser?
Não podemos mudar algo que não percebemos, ou seja, é preciso desenvolver a percepção de nós mesmos, de forma plena e consciente. É necessário tomar consciência das crenças limitadoras, inconscientes ou automáticas, que nos impedem de evoluir, monitorando nossos padrões mentais, emocionais e físicos. Devemos estar atentos, portanto, ao teor vibratório de nossos pensamentos, imagens mentais, sentimentos e hábitos, assim como das interações entre essas fontes vibratórias. A percepção é o olhar amoroso a si mesmo, sem julgamentos de certo e errado, originado do Eu Real que somos. O sentimento amoroso de compaixão, em lugar ao de julgamento, auxilia em nossa autoaceitação e também na do nosso próximo. É necessário perceber a diferença existente entre a autoimagem idealizada e o Ser real, isto é, perceber que não somos nem pessoas perfeitas, nem pessoas más. A compaixão é muito importante porque permite, apesar de nossas imperfeições, a buscar o que é melhor para nós mesmos, dentro de possibilidades reais (Cerqueira Filho, 2006).
Nesta fase nos conscientizamos sobre as conseqüências do nosso livre arbítrio e sobre a mecânica das Leis Divinas, isto é, compreendemos que nossas atitudes (mentais, emocionais, físicas), quando originadas do Eu Real, somente resultam no Bem, e quando originadas do ego, somente resultam no Mal. É importante compreender que o Mal absoluto (força infinitamente contrária ao bem), não existe. O Mal que conhecemos é relativo e resulta de nossa ignorância em relação ao funcionamento das leis da natureza. As coisas que imaginamos que poderiam ser um Mal, acabam se transformando num Bem, a medida que evoluímos e compreendemos a justiça e necessidade de passarmos por difíceis lições na vida, isto é, de sermos obrigados a tomar remédios amargos, mas que ao final das contas, servirão para a nossa cura integral. À medida que evoluímos, nossos defeitos, vícios e erros vão se transformando em qualidades, virtudes e acertos. O Bem pode ser entendido como a manifestação de: auxílio no processo evolutivo próprio ou dos demais seres viventes, paz, harmonia, alegria, prazeres da alma, equilíbrio, saúde integral (física, emocional, mental, espiritual), satisfação, realização, alta autoestima, gratidão, esperança, felicidade, conforto, compaixão, bondade. Já o Mal pode ser a manifestação de:  prejuízo causado ao próprio processo evolutivo ou ao dos demais seres viventes, dor, sofrimento, tristeza, doenças, insatisfação, desequilíbrio, desarmonia, baixa autoestima, ingratidão, culpas, complexos, desânimo, desesperança, desconforto, infelicidade.
A consciência desperta nos permite perceber os alertas do Eu Real, na forma de intuições, pensamentos e sentimentos, indicando se nossas ações e reações resultarão em Bem ou Mal. Assim, gradualmente, nossa consciência individualista se expande, para incluir as necessidades e direitos dos outros junto aos nossos.
A autopercepção e o despertar da consciência (Figura 2) são processos morosos devido à sua complexidade e à lentidão natural do processo evolutivo. Esta fase caracteriza-se pela existência de dois ciclos que podem ser rompidos pela vontade do espírito de melhorar-se. A quebra do primeiro ciclo acontece quando, após agirmos mal, desejamos melhorar porque já estamos cansados da infelicidade, do aumento dos conflitos internos e das crises resultantes da estagnação espiritual, revolta e identificação com o ego. A quebra do segundo ciclo acontece quando, mesmo agindo bem, desejamos melhorar porque não estamos satisfeitos com a relativa felicidade e satisfação interior resultantes do relativo progresso evolutivo alcançado. O desejo de melhorar é originário do Eu Real que atua de forma latente em nosso inconsciente, independentemente se agimos bem ou mal. A primeira fase da autotransformação, caracterizada pela identificação dos problemas, da necessidade e das vantagens da autotransformação, enseja significativos progressos evolutivos resultantes do trabalho consciente do espírito na sua purificação.
            A identificação dos problemas, necessária para início da fase de auto-observação, consiste em descobrirmos quais são os nossos problemas ou porque desejamos melhorar, independentemente se temos agido bem ou mal. Os problemas sempre estão relacionados com algum resultado indesejável ou insatisfação resultante de nossas ações e reações físicas, emocionais e mentais. Para ajudar a identificar se determinada atitude (física, emocional ou mental) constitui problema (aspecto negativo) o qual deverá ser trabalhado na autotransformação, podemos fazer a seguinte pergunta: tal atitude é útil no meu crescimento espiritual ou serve apenas para o fortalecimento do ego? A resposta correta será dada por nossa consciência primordial.
É necessário reconhecer a importância e prioridade dos problemas identificados com base em fatos e dados tais como a freqüência e modo de ocorrência dos problemas; existência de perdas, tristeza, dor ou sofrimento; melhorias e ganhos potenciais.  Por exemplo, se temos agido bem e não estamos plenamente felizes e satisfeitos, então o problema pode ser a necessidade de desenvolvermos virtudes ou de eliminarmos máscaras tais como o perfeccionismo, pseudoperdão ou puritanismo. Por outro lado, se temos agido mal e estamos tristes e “arrependidos”, então o problema pode ser, por exemplo, a necessidade de eliminarmos negatividades tais como o egoísmo, orgulho ou vícios.

Figura 2. Fase da autopercepção e despertar da consciência

É muito importante compreendermos o sentido de “arrependidos”. Conforme Novaes (2001), arrepender-se é não fazer mais o que se fazia; é não entender a vida com os mesmos valores que se tinha; é não se culpar pelo que fez no passado, mas encarar uma nova realidade que se avizinha; é autoconhecer-se; é fazer um mergulho no próprio mundo consciente e no inconsciente, a fim de modificar suas disposições internas e passar a vibrar numa faixa psíquica mais elevada. Procedendo assim, obteremos a disposição para enfrentar com equilíbrio e humildade os problemas que a vida nos apresenta.
Grande parte dos seres humanos pode considerar-se como estando aproximadamente noventa por cento no estado de sono e somente dez por cento atento para o que existe no mundo ao seu redor e no seu interior. O processo de despertar a consciência exige muito esforço, comprometimento, trabalho e também a disponibilidade de sacrificar padrões destrutivos com suas satisfações dispendiosas e efêmeras. Unicamente isso fará com que a consciência se desenvolva gradativamente, que a percepção se aguce, e que o novo conhecimento interior se torne disponível como manifestação do Eu Maior em processo de despertar. Essa percepção intuitiva crescente, esse conhecimento interior – primeiro em relação ao eu, em seguida com relação ao ser íntimo dos outros, e por fim também com relação à verdade e à criação cósmicas – estende-se para dentro de uma experiência de vida imortal (Pierrakos, 2007).

Fase 2 – Auto-observação
Auto-observação é a observação de nós mesmos, de nossas ações e reações físicas, emocionais e mentais, com uma visão ampla, sob vários pontos de vista, com sinceridade, humildade e sem julgamentos. Ela é uma reflexão sobre nossa intimidade e atitudes sem ansiedade e apego em relação aos nossos acertos, sem rejeição de nossos erros. É a utilização do tempo e energia para observar de frente aquela parte do ego que bloqueia a felicidade, a realização e a plenitude. O olhar para si mesmo deve ser feito com calma, sem complexo de inferioridade e sem ser o centro do universo.
Após identificarmos os problemas na primeira fase da autotransformação, iniciamos a auto-observação, com o objetivo de coletarmos informações sobre nossas ações e reações mentais, emocionais e físicas relacionadas com os problemas.  A falha na coleta de informações confiáveis, quantitativa e qualitativamente, as quais são fundamentais nas fases de autoanálise e autoconhecimento, pode ser a causa de bloqueios ou atrasos no processo de autotransformação. Algumas recomendações sobre como fazer a auto-observação são:
- Praticar diariamente o exame de consciência das ações e reações físicas, emocionais e mentais fazendo perguntas tais como: Que fiz de errado, consciente ou inconscientemente? Que fiz de correto? Que poderia ter feito e que não fiz? Que não quero ver em mim? Que não desejo mudar em mim? É urgente a correção do erro? Qual é a importância de corrigi-lo? Onde ocorre o erro? Quando ocorre o erro? Que tipo de problemas tenho que lidar? Quais são os sintomas de meus problemas? Que fatores externos podem estar contribuindo para agravar os meus problemas? Que hábitos tenho (vícios e virtudes)? Em que áreas particulares se manifesta a autoimagem idealizada? Que concepções errôneas subjacentes são responsáveis pelo ódio, rancor, malícia ou quaisquer outros sentimentos negativos que chegam à consciência? Quais são as conseqüências que advêm do fato de ceder aos impulsos destrutivos em nome de um prazer momentâneo? Que estou observando superficialmente? O que sinto realmente neste momento em relação a essa ou aquela questão? Em qual aspecto estou insatisfeito?
- Meditar e afirmar conscientemente, profundamente e confiante na ação do Eu Real: Deve ser exposto tudo que esteja em mim, que esteja escondido e que eu deva saber sobre mim, qualquer negatividade e destrutividade que exista. Quero ver, comprometo-me a conhecer, por mais que isso possa ferir a minha vaidade. Quero estar consciente do modo como deliberadamente me recuso a ver partes de meu ego às quais me agarro, conduzindo-me ao erro (Pierrakos, 2007);
- Vigiar atentamente para observar a atuação do ego, processando automaticamente o direcionamento de nossas vidas;
- Observar o hábito de autoflagelação, de desesperança e de capitulação em si mesmo e reagir contra - não o reprimindo uma vez mais, mas utilizando tudo o que sabe. Falando a essa parte egóica, pode-se concentrar nela todo o conhecimento consciente que possuímos. Se isso não for suficiente, pedir ajuda aos poderes que estão além da consciência (Pierrakos, 2007);
- Descobrir se existem imagens inconscientes limitadoras num nível mais profundo fazendo perguntas (Pierrakos, 2007) tais como: Como você se sente com relação a si mesmo e a sua vida? Até que ponto sua vida tem sentido, é plena e rica? Você se sente seguro com os outros? Você se sente à vontade com relação a seu eu mais íntimo na presença dos outros, ou pelo menos com certas pessoas com quem você tem alguns objetivos em comum? Quanta alegria você é capaz de sentir, de dar e de receber? Você é atormentado por sentimentos, ansiedade e tensão ou pela solidão e por uma sensação de isolamento? Você precisa de superatividade para aliviar sua ansiedade?
- Não negar os próprios erros porque eles fazem parte do processo natural de aprendizado e servem de base em nosso processo de autoaperfeiçoamento. É necessário admitir humildemente os próprios defeitos, para poder transformá-los nas virtudes. Ao negarmos um erro, perdemos a oportunidade de vê-lo com honestidade e sinceridade, e assim superá-lo. O erro não é eliminado apenas pelo esforço de vontade, mas pelo seu exame cuidadoso e tranqüilo, sem medo de castigo e sem qualquer autoimagem negativa. A falha só aparece porque decidimos seguir o caminho do autoaperfeiçoamento. Aos poucos, cada defeito se transformará em virtude;
- Examinar os próprios erros, frente aos acertos e olhar o ego, frente à sabedoria e amor do Eu Real, aprendendo a integrar positivo e negativo, luz e sombra, ao longo do demorado processo de crescimento interior;
- Sempre esforçar para corrigir-se, sem permanecer no erro;
- Não exagerar as próprias qualidades, negando a existência de defeitos, porque assim o aprendizado fica reduzido;
- Observar a existência das negatividades e das máscaras frente à autoimagem idealizada;
- Procurar sentir e observar as reações emocionais relacionadas ao eu idealizado;
- Cuidar para não ter uma auto-opinião muito positiva, subestimando a observação dos próprios erros como fonte de paz, harmonia e equilíbrio em nossas vidas;
- Dissociar erro de castigo ou condenação;
- Pensar e falar dos próprios defeitos com calma e serenidade;
- Tentar ver no próximo, principalmente, as qualidades e os acertos;
- Observar os próprios erros construtivamente, sem projetar a sombra dos próprios defeitos nos outros;
- Procurar sentir carinho e não desprezo pelas falhas alheias porque tudo o que fazemos aos outros retorna a nós, mesmo que não estejamos conscientes disso;
- Observar com igual tranqüilidade tanto o que é bom quanto o que é ruim dentro de si mesmo;
- Ter coragem para admitir a própria mediocridade e defeitos sem cair na lamentação, na autopiedade, nem atribuir a outrem a culpa pelo fato de termos este ou aquele defeito;
- Não fingir que não tem defeitos e conscientizar-se das próprias sombras para que elas não frustrem, inconscientemente, nossas melhores intenções;
- Olhar para os mundos interno e externo, sem apego, rejeição, lutas, conflitos e fugas.

Fase 3 – Autoanálise
A autoanálise é uma investigação sistemática de si mesmo, usando método psicanalítico, com a finalidade de descobrir as causas fundamentais dos problemas, conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções e suas relações. Joanna de Angelis nos diz que a autoanálise, trabalhada pela insistência de preservação dos ideais superiores da vida, é o recurso preventivo para a manutenção do bem-estar e da saúde nas suas várias expressões (Franco, 2002).
Na autoanálise somos, simultaneamente, objeto e sujeito da análise, somos nosso próprio psicanalista ao nos observarmos. Pela autoanálise, descobrimos como agem as máscaras e negatividades do ego. A autoanálise nos ajuda na expansão do Eu Real aprisionado no ego, promovendo o despertar da consciência e avanço no autoconhecimento.
Os processos psíquicos executados na mente humana ocorrem de três modos: a) Automáticos, isto é, sem a intenção do Espírito e, portanto inconscientes à personalidade; b) Conscientes em relação ao Espírito; e c) Comandados pelo ego, ou conscientes à personalidade. Difícil é, entretanto, saber separar tais processos devido as suas características de ser um todo indivisível (Novaes, 2004).
É necessário refletir, com plenitude e consciência, sobre as causas dos problemas que foram observadas nas fases anteriores, sobre os autojulgamentos, as autoidealizações fantasiosas, sobre o orgulho que mantemos, etc. Essas reflexões permitirão identificar as distorções, de modo que saibamos o que mudar e como ressignificar as crenças limitadoras do ego, caracterizadas pelo desamor e pseudo-amor. Somente a partir de uma autoanálise, consciente e responsável, é que estaremos em condições de transformar, gradativamente, as negatividades do ego que nos estimulam para o mal.
Para descobrir as causas fundamentais dos problemas podemos fazer perguntas tais como: Quais são as causas mais prováveis de meus erros? Que me impede de melhorar? Por que errei? Que penso ser? Que pareço ser? Que fiz ou deixei de fazer? Por que necessito melhorar? Que causas e efeitos estão relacionados com a autoimagem idealizada? Outras recomendações para fazer a autoanálise são:
- Analisar as emoções e eventos traumáticos assimilados pelo ego, que tenham sido reprimidos psicologicamente, e não puderam se manifestar no momento de sua ocorrência em tempo real;
- Analisar cuidadosamente todos os pensamentos, sentimentos e atitudes que se escondem no ego, conscientes da resistência psicológica que nos faz esquecer e ocultar a maioria dos fatos negativos (internos e externos), frustrantes, vergonhosos ou penosos. Assim fazendo, evitamos que o ego reforce os eu´s inferiores já criados ou crie outros pela repressão;
- Eliminar pré-conceitos e pré-julgamentos e optar pela compreensão dos próprios erros para não criar complexo de culpa.

Fase 4 – Autoconhecimento
O autoconhecimento é o conhecimento de nós mesmos, nos ajudando a separar o útil do supérfluo, o indispensável do secundário. Conhecermo-nos permite transformar aquilo que nos prejudica e reforçar as habilidades já conquistadas. De acordo com Ângelis (Franco, 2002), o autoconhecimento nos revela nossas possibilidades e limitações, abrindo espaço para renovação e conquista de novos horizontes de saúde e plenificação, sem consciência de culpa, sem estigmas. Somente através do autoconhecimento é que poderemos purificar nossa alma, limpando-a dos padrões de autodestruição e deixá-la em condições de relacionarmo-nos com o Deus interior.
            Uma vez observado, analisado e compreendido determinado aspecto de nossa psique, podemos verificar se ele consegue passar nas peneiras da verdade, bondade e utilidade. Se não passar, é porque tal aspecto já não nos serve mais em nosso crescimento espiritual e assim ele poderá ser transformado (integrado) ao Eu Real, expandindo assim nossa consciência.
O autoconhecimento permite observarmos em nós os sentimentos egóicos, tratando-os como pensamentos e emoções transitórios, possíveis de serem controlados e modificados através da vivência dos sentimentos permanentes originados do Eu Real que somos. A consciência de nossos pensamentos, emoções e comportamentos desequilibrados é uma aptidão fundamental que possibilitará o autodomínio, vencendo as dificuldades que trazemos, a fim de obtermos o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual.
O autoconhecimento pode ser obtido com base no resultado de análises nas quais nos perguntamos: Que sou? Que não sou? Que penso ser? Que pareço ser? Com que me identifico? Com que não me identifico? Outras recomendações para autoconhecer-se são:
- Cuidar para não criar falsas esperanças na tentativa de identificar-se com modelo de perfeição (autoimagem idealizada, máscaras), muito além das possibilidades, no período de tempo considerado. Os fracassos advindos dessas tentativas podem nos trazer neuroses, complexos, baixas autoestima;
- Conforme nos ensinou o Cristo em “conhecereis a verdade, e ela vos libertará”, o conhecimento da verdade em nossa consciência é essencialmente libertador e abre um maravilhoso caminho de novas possibilidades. Ao contrário, a autopunição, o martírio e a culpa, apenas tentam nos impor uma conduta que deveríamos ter, mas ainda não temos e não entendemos o porquê disso, gerando máscaras que escondem o que não queremos ver, dando origem a fobias, traumas, complexos, neuroses que seguem nos atormentando;
- Com o autoconhecimento percebemos os pensamentos e as emoções que aparecem em face dos eventos ou das recordações e também notamos a relação desses estados psíquicos com nosso corpo, já que entre o mundo interior e o corpo físico existe uma relação tão estreita que é impossível tentar mudar um e manter o outro como está. Nossos estados mentais e emocionais são as respostas psíquicas das interações e dos impactos que nosso corpo recebe dos mundos interior e exterior;
- O ego se enfraquece se não o alimentarmos com pensamentos e sentimentos oriundos de desejos e anseios conscientes ou não. Ao nos identificarmos com os valores reais do Eu Real, automaticamente, enfraquece-se o ego por deixar de alimentá-lo com pensamentos e sentimentos negativos;
- Nós podemos acessar nosso inconsciente através de sentimentos, emoções e intuições, mas não podemos entendê-lo com a razão, nem com a lógica. No inconsciente guardamos tudo aquilo que não queremos lembrar ou que rejeitamos. A compreensão das causas dos conflitos emocionais torna possível nos libertar deles ou amenizar sua influência. Para entender o que nos ocorre, é necessário algumas vezes, identificar além de tudo o que sabemos, lembramos e guardamos no consciente, também e principalmente, o que está armazenado no nosso inconsciente. No inconsciente ficam conteúdos que alteram e influenciam o comportamento, tudo que é considerado agressivo à consciência. Tais conteúdos são reprimidos no inconsciente como forma de defesa e censura interna. No inconsciente guardamos tudo que não queremos ver, onde há muitas coisas as quais nem imaginamos, lugar de despejo e que nem sempre se limpa, através da repressão de imagens, pensamentos e idéias esquecidas. Reações e comportamentos que não entendemos podem ressurgir, a qualquer momento, mesmo depois de muito tempo, mediante um fator desencadeador (Aquino, 2011);
- O consciente relaciona-se com o lado esquerdo do cérebro (razão) e o inconsciente relaciona-se com lado direito do cérebro (emoção). O consciente possui linguagem própria e se comunica através da palavra, pensamento lógico e raciocínio. O inconsciente tem linguagem simbólica ou representativa, existindo dois tipos de simbologias: a universal e a pessoal. A simbologia universal é a linguagem conhecida por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. A simbologia pessoal é aquela em que tal coisa ou situação tem certo significado para determinada pessoa e não para toda e qualquer pessoa. A simbologia pessoal é totalmente influenciada pelo nosso histórico de vida. O inconsciente, fixa e trabalha com as imagens. Para conseguirmos algo, devemos trabalhar com as imagens que correspondam ao que desejamos e nunca o contrário. O inconsciente ignora a palavra e registra apenas a imagem correspondente. Devemos sempre dizer e visualizar o positivo, a cena que desejamos conseguir. Na verdade, o que irá nos conduzir a ter certas reações, serão as imagens que as palavras produzirão e não as palavras em si (Aquino, 2011);
- Conteúdos do inconsciente podem nos influenciar sempre que houver emoção envolvida na situação, ou seja, nós podemos ter reações a determinadas situações que nem sempre entendemos, pois estas são contaminadas por conteúdos inconscientes (impulsividade, agressividade), ou seja, a ação é totalmente contaminada pela emoção. O maior representante de nosso inconsciente são as emoções. Sempre que sentirmos que estamos perdendo o controle, podemos estar sendo influenciados pelas nossas emoções (Aquino, 2011);
- Conteúdos inconscientes (compulsões, tendências, imagens ocultas) podem estar atuando sempre que houver ação do princípio do prazer, da criancice, da brincadeira e da espontaneidade. Muitos acontecimentos armazenados em nosso inconsciente, tais como rejeição, medo, prazer, injustiça, autoritarismo, culpa, ansiedade, crítica, proibição, castigo, frustração, ressentimento e abandono, ocorreram no período de nossa infância. Para o inconsciente não existe passado, presente e futuro separados. O inconsciente é um estado mental que difere do consciente, não só quanto ao que contém como características, mas também na sua maneira de revelar os fatos, de registrá-los, de desenvolver a lógica e os julgamentos, na sua comunicação e na sua linguagem. O inconsciente trabalha como se fosse um arquivo com muitas pastas. Cada pasta corresponde a um sentimento ou momento significativo de nossa vida. Cada vez que essa pasta abre (seja para guardar um novo conteúdo de perda ou porque algo - simbólico - trouxe à lembrança algum registro dessa pasta) ela faz com que todas as emoções guardadas lá dentro sejam manifestadas, trazendo reações físicas e emocionais sem controle. É como se viesse à tona toda a emoção do momento original, ou seja, da primeira perda, somada a todas as outras que existiram e foram guardadas nessa pasta. Esse total de emoções resultante das perdas registradas é o que causa as reações. Enquanto isso for inconsciente, ou seja, não tivermos o conhecimento consciente do fato, não haverá controle. É como se o inconsciente relacionasse algo que acontece no presente com algo do passado. Esses conteúdos podem ser desencadeados por diferentes motivos tais como o cheiro ou temperatura. Para o inconsciente o fato de nós pensarmos algo ou realizarmos tem o mesmo efeito porque ele trabalha com imagens registradas em nossa mente. Por exemplo, muitas vezes ficamos abalados, nervosos, só de pensar que algo possa acontecer; também é por isso que a meditação traz tantos bons resultados. Enquanto não houver autoconhecimento, o inconsciente tende a repetir padrões do que foi registrado, principalmente durante a gestação e infância. Por exemplo, se tivemos um pai e ou mãe alcoólatra, a tendência é a de que nós, quando adultos, nos unamos a alguém alcoólatra; se vivemos num lar com violência, gritos e agressões, podemos repetir os mesmos padrões mesmo que não queiramos, inconscientemente, seguindo os exemplos que tivemos. Este padrão só é quebrado quando aprendermos a tornar conscientes muitos conteúdos inconscientes, obtendo assim o equilíbrio interno e o autoconhecimento. O conflito, a angústia, os pesadelos, etc. acontecem quando há desequilíbrio entre o consciente e inconsciente. Com o autoconhecimento, sabemos o que queremos, mudamos o que queremos e há mais controle sobre as nossas ações, comportamentos, atitudes, enfim, sobre nossa própria vida (Aquino, 2011).

Fase 5 – Autoaceitação e autoperdão
A autoaceitação é o ato ou o efeito de nos aceitarmos e nos compreendermos plenamente, sem sentimentos de culpa, raiva, medo, negação, pânico, terror, autorejeição, autocrítica e de exigência de autoperfeição. A atitude negativa em relação a si mesmo impossibilita o desenvolvimento porque não permite pesquisar as causas do que poderia ser desenvolvido, impedindo a reeducação. A autoaceitação e autocompreensão possibilitam que nosso consciente reivindique o seu domínio sobre a matéria psíquica destrutiva, estagnada e violenta, utilizando da bondade, firmeza e determinação.
            A autoaceitação e o autoperdão incluem a compreensão da própria realidade evolutiva (boa/má aparência, situação boa/ruim, sucessos/fracassos, alegria/tristeza, saúde/doença, qualidades/defeitos, vícios/virtudes, facilidades/dificuldades, etc.). Incluem a gratidão por tudo na vida: progresso evolutivo alcançado, auxílios recebidos, oportunidades, proteção material e espiritual, orientação recebida, etc. Incluem a aceitação da responsabilidade pelo que se é, pelos erros, defeitos, vícios e qualidades e potenciais. Significam não revoltar-se contra tudo e todos. Implicam em amar os sentimentos egóicos e conciliar com estes adversários que existem dentro de nós. A libertação dos sentimentos egóicos é realizada pela autoaceitação e transformação desses sentimentos e pela simultânea identificação com os sentimentos do Eu Real. A desidentificação do ego é resultado da aceitação de que temos sentimentos negativos, mas que o Eu Real não é negativo. A transformação ocorre pela identificação com o Eu Real através de ações e reações mentais, emocionais e físicas sintonizadas no bem.
            É necessário aceitar, após o autoconhecimento, as negatividades do ego, geradoras dos estímulos negativos, que nos impulsionam para o desequilíbrio; é preciso aceitar nossas crenças limitadoras e trabalhar para nos desidentificarmos delas, proativamente. Ser proativo significa permanecer no equilíbrio entre o passivo e o reativo, isto é, sentir que temos as crenças limitadoras, mas que também temos capacidade de transformá-las em oportunidades de crescimento.
Às vezes nos deparamos com um sentimento egóico muito comum, que é o orgulho manifesto ou disfarçado. Ele nos impede de aceitar e, até mesmo de perceber nossas limitações. Criamos, através do orgulho, a imagem autoidealizada, maior obstáculo à prática do amor, porque, assim fazendo, não aceitamos que existam em nós, negatividades a serem transformadas. A autoaceitação é uma virtude proativa que requer uma atitude de humildade para reconhecermos a nossa limitação. É preciso aceitar que ainda somos pessoas imperfeitas. Todos nós temos, em algum grau, imperfeições a serem trabalhadas. Por isso, são necessárias a humildade e a compaixão para aceitarmos as próprias limitações. Importante, porém, é não confundir aceitação com acomodação, que é uma atitude passiva, na qual a pessoa se acomoda com as suas imperfeições sem, contudo, fazer nada para transformá-las. Devido à proatividade, a partir da aceitação de nossas limitações como uma necessidade a ser atendida, é essencial nos perguntarmos que podemos fazer para mudar os sentimentos egóicos que nos impedem de praticar o amor. A postura de amor em relação aos sentimentos egóicos caracteriza o bom combate. Com esta postura, podemos transformar esses sentimentos utilizando a energia do amor e não usando sentimentos negativos tais como a raiva, violência, crítica, etc. os quais se originam na energia do desamor (Cerqueira Filho, 2006).
A autoaceitação é um ato de submissão às Leis Divinas porque ninguém, além de nós mesmos, é responsável por tudo aquilo que somos. Em algum ponto das dimensões espaço e tempo nós fomos criados simples e ignorantes, dotados de inteligência, livre arbítrio e consciência, condições estas que nos diferenciam do animal que não tem consciência de si mesmo. A atual situação de ser e ter depende, exclusivamente, de nossas escolhas feitas ao longo de nosso caminho evolutivo. Por isso, cada um de nós é um ser único, especial, diferente dos outros, com talentos, defeitos e qualidades peculiares. Portanto, não há lógica em nos comparamos aos outros seres humanos, porque dependendo dessa comparação pode-se colocar abaixo ou acima dos outros. Em qualquer dessas situações, o resultado será ruim porque ou poderemos estar nos considerando seres superiores ou inferiores.
            É humano e natural não estarmos satisfeitos com a nossa situação atual, com o físico que temos, com as tendências que possuímos ou com os defeitos que adquirimos. É importante compreender, porém, que somos seres falíveis, mas que podemos usar a nossa inteligência, vontade e livre arbítrio para nos conscientizarmos de nossos erros, para nos corrigirmos e compensarmos os erros cometidos pela autotransformação e prática do bem.
O autoperdão é a compreensão de nossos erros, defeitos e vícios e a disposição em nos corrigirmos, não por medo de sermos punidos ou por sentimento de culpa, mas por entendermos que comportamentos, emoções ou pensamentos negativos nada contribuem para o nosso crescimento espiritual e que os erros e as dificuldades para evoluir fazem parte do processo. O passado não retorna, mas podemos mudar o futuro desde já, perdoando-nos por tudo, por todas as negatividades e máscaras que ainda existem em nosso ego e que nos causam insatisfação, tristeza, dor e sofrimento, perdoando-nos até mesmo por não termos perdoado no passado.

Fase 6 – Autodomínio
É o equilíbrio ou domínio de nós mesmos. É o esforço constante para praticar as virtudes contrárias aos defeitos identificados, para dominar as más inclinações e para vivenciar a sabedoria, amor e caridade em toda sua plenitude. Nós teremos obtido o autodomínio quando formos capazes de controlar nossas emoções e de nos conscientizarmos dos diferentes modos pelos quais os fatores inconscientes dominam nossa vontade e livre arbítrio. É necessário ter vontade e motivação verdadeiras para a vivência do bem, através da mudança de comportamentos, sentimentos e pensamentos.
O autodomínio implica no aperfeiçoamento de nossa consciência de modo que possamos identificar e controlar com lucidez, sabedoria, amor, conectividade e objetividade as causas de nossos problemas, dores e sofrimentos. Nessa identificação e controle, a consciência utiliza os mecanismos intelectuais e intuitivos, não importando se as causas dos problemas são objetivas ou subjetivas, visíveis ou invisíveis, temporais ou atemporais. O autodomínio sobre todas as nossas ações e reações físicas, emocionais e mentais é um fenômeno da consciência. Portanto, o autodomínio implica em saber como vamos agir e reagir nos nossos diferentes veículos de manifestação, ao enfrentar a realidade dos mundos interior e exterior.
A origem dos problemas que criamos aparece ao confundirmos nossa autoimagem idealizada com o Eu Real. A autoimagem consiste de projeções acumuladas de nossa identidade, agrupamento de nomes e formas, que utilizamos para nos diferenciar do resto do nosso ambiente. Podemos ter diferentes autoimagens, exteriores e interiores, tais como pais, cônjuges, colegas de trabalho, puritanistas, perfeccionistas, etc. ao desempenhar nossos papéis no palco da vida. Cada um desses papéis cria certa impressão do ego na nossa consciência. Todas essas autoimagens estabelecem identidades em nossa consciência. O problema aparece quando nos confrontamos com uma realidade não-consistente com a nossa autoimagem. Nós nos esforçamos para defender nossa autoimagem de várias maneiras. Ficamos com ódio da realidade exterior ou ficamos indiferentes a ela. Encaramos as respostas negativas dos outros muito seriamente e nos sentimos abatidos. Também podemos tentar nos conformar com algo que imaginamos ser socialmente aceitável. Todas essas estratégias podem nos dar uma sensação temporária de alívio, mas elas não podem nos preparar para perceber que essa autoimagem é uma miragem. Por causa disso, a autoimagem nos deixa vulneráveis a mudanças internas e externas a nós (Cerqueira Filho, 2006; Pierrakos, 2007).

Fase 7 – Autotransformação
É a transformação de nós mesmos sem enfatizar excessivamente o erro, o pecado e a culpa, cultivando percepção e práticas corretas, nos tornando cada vez mais capazes de lidar bem com as situações de conflito interior. A percepção e práticas corretas se baseiam em meditações, reflexões e visualizações, reeducação dos hábitos e atitudes mentais. A autotransformação deve respeitar o próprio ritmo ao despertar necessidades reais, que substituem as necessidades viciosas de satisfação temporária causadoras de dor e sofrimento.
A autotransformação deve acontecer pela via do amor, humildade e mansidão, utilizando instrumentos tais como: terapia do amor; fé raciocinada; perdão e autoperdão; meditação e oração. O amor dá vitalidade aos nossos veículos de manifestação e a autotransformação se dá através da consciência disso (Cerqueira Filho, 2006).
É preciso tomar a decisão consciente e adequada sobre o que fazer para ressignificar as crenças limitadoras do ego. Não é tarefa fácil mudar hábitos limitadores, adquiridos ao longo de nossas vidas, pois as negatividades do ego tornam-se vícios retro-alimentados, aos quais nos acostumamos. É muito comum refletirmos sobre o que precisa ser modificado em nós, mas quando chegamos a uma conclusão, adiamos o início da autotransformação, injustificadamente, adiando ainda mais nossa evolução, tornando o trabalho cada vez mais difícil por nos afastarmos deliberadamente do Eu Real, surgindo então a dor e o sofrimento. Portanto, a ressignificação das crenças limitadoras do ego exige uma decisão firme, no sentido de se realizar todo o esforço que for necessário para poder substituir gradativamente, essas negatividades, pelo Eu Real amoroso (Cerqueira Filho, 2006).
Após tomar a decisão de mudança, torna-se essencial a ação plena e consciente para a substituição, gradativa e suave, do sentimento egóico o qual dificulta a prática do amor, pelo Eu Real proativo. É recomendável começar a trabalhar com os sentimentos egóicos mais simples e fáceis de transformar e, à medida que vamos obtendo sucesso, buscamos outros hábitos egóicos, mais enraizados em nós para, aos poucos, irmos transformando. Esse procedimento faz aumentar a confiança em nós mesmos, em nossa capacidade de transformação, pois, ao nos libertarmos dos sentimentos egóicos menos arraigados, vamos ganhando experiência e aumentando o grau de confiança. Com isso, os hábitos egóicos vão, gradativamente e suavemente, sendo substituídos pelos essenciais proativos. Importante, porém, atentar que o processo de mudança seja suave e leve para que seja realmente efetivo. Se a mudança exigir muito esforço, alguma coisa deve estar errada na sua realização. Para se conseguir essa leveza, conforme Cerqueira Filho (2006), a ação de mudança deve passar por quatro etapas:
Etapa 1 - As reflexões sobre um sentimento egóico que se está trabalhando, surgem após a sua manifestação. Devemos aceitar o sentimento e meditar proativamente, sobre como agir para superá-lo. Aqui refletimos sobre os nossos erros e aprendemos com eles;
Etapa 2 - As reflexões começam a surgir durante a manifestação do sentimento egóico, possibilitando que possamos analisá-lo melhor com o intuito de poder superá-lo;
Etapa 3 - As reflexões começam a surgir antes da manifestação do sentimento egóico, nos possibilitando escolher entre praticá-lo, ou não. Para esta etapa, elaboramos uma técnica vivencial que denominamos vigilância interior, tendo como base o versículo: “vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. Trata-se de uma vivência para fazer o trabalho de autoaceitação do sentimento egóico, transformação dele e identificação com o Eu Real;
Etapa 4 - Começamos a perceber que as manifestações do sentimento egóico – ao qual estamos trabalhando, vão se tornando cada vez mais raras, até a completa efetivação da mudança, na qual as suas manifestações já não ocorrem mais, porque se efetivou a transformação do sentimento egóico em um valor essencial. Para a maioria das nossas limitações egóicas, dificilmente chegaremos nesta fase, na atual existência. É necessário fazer aquilo que é possível para nós no momento de forma amorosa, pois temos todo tempo que for necessário – a eternidade, para realizar as mudanças que necessitamos. Esta técnica, com todas essas etapas, é uma forma didática para se definir a ação consciente, diferenciando-a da ação impulsiva egóica. As diferentes etapas são dinâmicas. Muitas vezes não se sabe onde começa uma e termina a outra, e vice-versa. Muitas vezes, num determinado instante, nos percebemos numa etapa, em outro instante, noutra. O importante é saber que, para vivermos conscientes de nossas ações, é necessário método e esforço nesse sentido. O contrário disso é uma vida automatizada, na qual agimos de forma impulsiva e robotizada, com graves conseqüências para a nossa saúde psíquica e emocional (Cerqueira Filho, 2006).
            Recomenda-se buscar mais informações que considerem o processo psicológico na autotransformação (tais como Cerqueira Filho, 2006; Pierrakos, 1990; e Pierrakos, 2007), para fortalecimento e enriquecimento dos conceitos e métodos utilizados na transformação do ego. Estas informações, de maneira geral, pretendem traçar um caminho para a autotransformação pessoal e autorealização espiritual, através da compreensão profunda das negatividades e máscaras do ego, suas origens, conseqüências e processo para situá-las e transformá-las.

Bibliografia
AQUINO, A.L. Autoconhecimento através do seu Inconsciente, 2011:
AVELINE, C.C. A arte da auto-observação, 2011:
CERQUEIRA FILHO, A. Saúde espiritual. EBM Editora: Santo André, 2006, 277p.
FRANCO, D.P. (espírito Joanna de Ângelis). Elucidações psicológicas à luz do espiritismo.
KARDEC, A. A gênese. Federação Espírita Brasileira: Rio de Janeiro, 1995a, 223p.
KARDEC, A. O livro dos espíritos. Federação Espírita Brasileira: Rio de Janeiro, 1995b, 292p.
NOVAES, A.M.F. Psicologia do evangelho. Fundação Lar Harmonia: Salvador, 2001, 176p.
NOVAES, A. Filosofia e Espiritualidade. Fundação Lar Harmonia: Salvador, 2004, p. 215-220.
PIERRAKOS, E. Não temas o mal. Editora Cultrix: São Paulo, 1990, 172p.
PIERRAKOS, E. O caminho da autotransformação. Editora Cultrix: São Paulo, 2007, 256p.
SANTO NETO, F.E. (espírito HAMMED). Imensidão dos sentidos. Boa Nova: São Paulo, 2002, 222p.
ZWEIG, C.; ABRAMS, J. Ao Encontro da Sombra. Editora Cultrix: São Paulo, 2011, 360p.

4 comentários:

Leonardo Martins Gonçalves disse...

Parece realmente interessante. Vou ler com calma detalhadamente.
Muita paz!

Amigo de jornada disse...

E o melhor é que funciona...

Amigo de jornada disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Amigo de jornada disse...

Correção da definição, contida na Fase 1 do método das sete fases: "O Mal é a ausência do Bem". O Mal é, na realidade, a ignorância do Bem. O Mal não pode ser definido como sendo a ausência do Bem porque: 1) Deus é a causa primária de todas as coisas; e 2) Ele é onipresente. Assim, ao dizermos que que o Mal é a ausência do Bem, estaríamos indiretamente (e erradamente) dizendo que o Bem (Deus) não está no "Mal", invalidando a manifestação da divina onipresença do eterno Bem. É difícil para muitos de nós compreender que somente existe o Bem, e que tudo aquilo que enxergamos como sendo o Mal, é apenas o resultado de nossa ignorância sobre como funcionam as leis divinas.